24 de setembro de 2014

Mulheres arapiraquenses fazem ato contra a violência psicológica

A história de Sônia se confunde com a de muitas mulheres arapiraquenses. Ela, casada há 18 anos, descobriu um caso extraconjugal do marido e foi vítima de violência psicológica. “Ele me comparava com a outra e decidi ir à Delegacia Especializada da Mulher para prestar queixa”, diz. No local, ela soube da existência do Centro de Referência e Atendimento à Mulher em Situação de Violência (Cramsv), equipamento integrante da Secretaria Municipal de Políticas para Mulheres (SMPM), e há cerca de oito meses frequenta as reuniões semanais do grupo Bem-Me-Quer, que acontecem na Rua Padre Jefferson de Carvalho, 198, bairro Alto do Cruzeiro, às quartas-feiras, a partir das 9h. Sônia estava junto a diversas outras usuárias e com a equipe técnica da SMPM no calçadão do Largo Dom Fernando Gomes, defronte à Paróquia Nossa Senhora do Bom Conselho, no Centro de Arapiraca, dando margaridas para as mulheres transeuntes e panfletos mostrando as ações do Centro de Referência. “Como eu, há centenas de arapiraquenses que sofrem violência psicológica e não têm o amparo que eu tive”, conta, ressaltando casos que ocorrem também na zona rural do município. A ação realizada durante toda a manhã desta quarta-feira (24) marcou o encerramento de reverências aos dois anos de funcionamento do Cramsv e atentou para uma temática pouco notabilizada. “Geralmente, o incidente físico contra a mulher é a agressão mais associada. No entanto, há uma mácula, uma mancha que fica lá dentro. É a que não fere por fora: a violência psicológica”, pontua a secretária Municipal de Políticas para Mulheres, Hyseth Santos. Às vezes, as duas coisas podem vir associadas. Como foi o caso de Lúcia (a reportagem está usando o pré-nome das vítimas para preservá-las). Ela, mesmo separada do ex-marido por quatro anos, sofreu um atentado automobilístico junto a filha do casal. “Ele tentou me atropelar e isso me abalou bastante. Procuramos nossos direitos na delegacia e na Justiça e foi então que conheci o Cramsv, uma janela de luz em meio àquela escuridão na minha vida”, comenta. E continua: “E isto, além de mexer no meu psicológico, também afetou minha filha pequena. Lá, no Centro de Referência e Atendimento à Mulher em Situação de Violência, encontrei carinho, apoio e atenção e, hoje, estimulo outras mulheres a participarem dos nossos encontros semanais. Sou muito grata à Prefeitura, em nome da nossa prefeita Célia Rocha, pela assistência tanto jurídica quanto psicológica. Arapiraca estava precisando de um espaço como este, de vivências, aprendizagem e encorajamento”. Em dois anos de atividades, o Cramsv já realizou mais de 800 atendimentos. De acordo com a secretária Hyseth Santos, o grupo Bem-Me-Quer visa o fortalecimento da autoestima das envolvidas que vivem em situação de violência, incentivando-as a um recomeço de vida distante dos maus-tratos e agressões de seus parceiros.

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