1 de julho de 2013

Turístico, Aracajana recria cidade interiorana em seu arraiá

Logo na porta, crianças jogando bola de gude. O interior de Alagoas se chamou “Aracajana”, na noite deste sábado (29). O arraiá protagonizado pela Cajarana, zona rural de Arapiraca, conquistou os olhares da comissão julgadora que percorreu outras 19 comunidades anteriormente.

Os integrantes apresentaram a Dança da Peneira, embolada, coco de roda, xaxado e a quadrilha matuta Roça de Milho, que ficou na terceira colocação no Concurso de Quadrilhas Juninas do Agreste Alagoano 2013.

Afora, a ambientação foi feita no sítio Cajarana, de propriedade de Alayr Correia, que é superintendente do Ministério da Agricultura de Alagoas. “Acho que grande valia este resgate da cultura. Isto só fortalece e empodera socialmente, porque há trabalho em equipe. A comunidade aprende a trabalhar junto, a conjugar valores”, diz ele.

Havia verdadeiras roças de milho, mandioca, fumo e feijão, casas da rezadeira, de farinha, do fazendeiro e da costureira, curral, escola, posto de saúde, fonte, cadeia, igreja, bodega, barraca de comidas típicas e brincadeiras, como quebra-pote e pau-de-sebo, tudo bem arquitetado.

O jovem Marcos Gabriel Dias da Silva, de 12 anos, roubou a cena durante o evento. Ele declamou um texto de literatura de cordel de sua autoria, chamado “Gonzagão: Nosso Rei do Baião”.

“Este, na verdade, não foi meu primeiro cordel. Já fiz outros sobre meus amigos e minha família”, comenta o estudante da Escola de Ensino Fundamental Professor Lourenço de Almeida, antes de ir até o teclado e surpreender a todos ao tocar e cantar “Asa Branca”, de Luiz Gonzaga, completando a homenagem.

Quando a quadrilha entrou na palhoça, o bom-humor nordestino apareceu. O casamento matuto arrancou gargalhadas da plateia e dos jurados. De forma dinâmica e fazendo alusão à obra-prima de Ariano Suassuna, o “Auto da Compadecida”, com um noivo sendo ressuscitado ao som de uma gaita, o arrasta-pé se deu com passos tradicionais e outros criados pelo marcador Eduardo Kellvin Rodrigues.

“O que tentamos sempre é mostrar às pessoas que isto não pode se perder. O forró faz parte de nós”, conta ele, que é puxador também de coco de roda. O estudante da Escola Estadual Senador Rui Palmeira, Weslley Pereira, de 18 anos, estava dançando a quinta vez pela comunidade. “Esta, sem dúvida, é a melhor época do ano. Espero que este resgate continue por parte da gestão da prefeita Célia Rocha [PTB]”, diz.

O organizador Amadeu dos Santos disse estar feliz três vezes. “Estou alegre pela Prefeitura de Arapiraca, sempre acreditando no nosso trabalho. Foram três dias de festa, afinal, este foi um arraiá turístico. Então, minha felicidade é triplicada – mais ainda pela ajuda do povo da comunidade para que isto se realizasse”, conclui ele, fechando mais uma edição do Concurso de Resgate às Tradições Juninas.

 

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