17 de outubro de 2014

Exposição revela persistência do emancipador de Arapiraca

Estudantes, ainda de uniforme escolar, inclinavam seus pescoços para ver mais de perto a história que pouca gente tem familiaridade: a do emancipador de Arapiraca, Esperidião Rodrigues.

Eles, alunos da Escola de Ensino Fundamental Hugo José Camelo Lima, tomaram os espaços da galeria montada no Museu Zezito Guedes, na noite desta quinta-feira (16).

A inauguração da exposição contou com a presença de autoridades locais, da prefeita Célia Rocha e seu secretariado, além de familiares do homenageado, neste mês em que a cidade completa 90 anos de existência.

Segundo a professora de Língua Portuguesa da Escola Hugo Lima, Luciana Barros, este é um pedaço da riqueza histórica que Arapiraca possui e poucos conhecem.

“Estudantes, ararapiquenses já graduados e até professores desconhecem a fundo, não tiveram contato com os percalços percorridos pelo homem que nos deu a Emancipação Política. É muito importante este contato do público com a vida de uma figura tão importante como Esperidião Rodrigues, que é até pouco lembrado pelo povo. Devemos muito a ele”, diz ela, enfatizando para seus alunos do 8º e 9º ano presentes as benfeitorias que ele fez ao então povoado.

Ela se disse também honrada por ser coordenadora da Escola Estadual Adriano Jorge, a primeira da cidade e criada por Esperidião, que teve o maior Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de Arapiraca este ano.

Com efeito, o “homem de olhos azuis” – como ficou conhecido entre os populares por viajar bastante em busca da emancipação – tinha persistência. Tendo apenas o primário, Esperidião ainda assim era um homem que enxergava adiante.

“Ele era um visionário! Um dos primeiros que nosso município teve. Manoel André fixou moradia aqui debaixo da tranquilidade de uma árvore Arapiraca, mas foi Esperidião quem viu longe a capacidade que esse povoado de Limoeiro de Anadia possuía. A prova é que viajou incansalvemente para a capital e, junto ao então governador Fernandes Lima, após 10 anos de negociações, conseguiu que esta terra se tornasse município em 1924”, comenta a prefeita Célia Rocha, durante sua fala na cerimônia realizada no museu. "Arapiraca não seria o que é sem ele", pontua.

Segundo ela, o emancipador percebeu as possibilidades que este chão tinha e criou a hoje tradicional Feira Livre de Arapiraca. Além disso, ele também fundou a primeira escola de música da cidade, trouxe o cartório de registros e os Correios, apoiou a instalação do Tiro de Guerra e doou diversos terrenos, alguns deles vindo se tornar a hoje Avenida Rio Branco – a primeira via pública do município – e o local onde atualmente funciona a Câmara de Vereadores.

“E é isso o que essa mostra vem detalhar. Esperidão foi mais que o primeiro prefeito daqui. Teve a visão empreendedora de criar a feira e transformar Arapiraca no polo de eventos e negócios que é. A Prefeitura está de parabéns por este resgate da nossa querida história”, diz o neto mais novo do emancipador, professor Gilson Lúcio Rodrigues.

Ele estava na mesa formada pela prefeita, o historiador Zezito Guedes, o coordenador do museu, Rodrigo Abraão, e o ex-prefeito Severino Leão – este último que em 1984 criou a Comenda Esperidião Rodrigues, maior honraria que um cidadão arapiraquense pode receber por seus feitos em prol direta ou indiretamente do desenvolvimento local.

Durante a solenidade, Célia Rocha, emocionada, entregou um buquê de flores para outra neta do homenageado, Maria de Fátima Rodrigues de Souza.

“Mais emocionada ainda estou eu em poder ver algo erguido do nada pelo meu avô hoje figurando como a segunda maior cidade do estado de Alagoas, em vários aspectos. Somos a metrópole do futuro graças ao pontapé dele”, coloca a servidora pública aposentada, encantada com a exposição.

“Eu, em nome da nossa família, agradecemos todo este zelo da prefeita Célia e equipe por trazerem à tona este pedaço importante de nossa memória enquanto cidade. Estamos todos muito felizes”, completa Maria de Fátima Rodrigues de Souza.

A mostra – que conta com fotos do início de Arapiraca, pertences de Esperidião, biografia dele, seus feitos no campo político e seu legado – ficará aberta ao público até o dia 28 de novembro. No início da solenidade, houve belas interpretações dos hinos Nacional e de Arapiraca pelos estudantes do coral Sintonia Fraterna, da Escola de Tempo Integral Prof. Benildo Barbosa de Medeiros.

Outra investida em reverência a esta figura batalhadora será a inauguração de uma estátua sua no dia 30 de outubro, quando é-se comemorada a data dos 90 anos da Emanicpação Política (confira a programação completa aqui).

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