Segundo conta uma tradição do povo, remanescente do próprio fundador, a palavra Arapiraca tem origens indígenas e, por analogia, significa: “ramo que arara visita”. Entretanto, à luz da ciência, trata-se de uma árvore da família das Leguminosas Mimosáceas – Piptadênia (Piteodolobim), uma espécie de angico branco muito comum no Agreste e no Sertão e que o povo, a sua maneira, denomina de Arapiraca.
Então, foi nessa Arapiraca, a árvore frondosa e acolhedora, situada à margem direita do Riacho Seco, onde o fundador Manoel André Correia dos Santos acampou no primeiro dia, quando procurava uma fonte de água doce onde pudesse se instalar para tomar posse da propriedade Alto do Espigão do Simão de Cangandu adquirida em 1848, por seu sogro Capitão Amaro da Silva Valente Macedo, que residia no então Povoado Cacimbinhas, município de Palmeira dos Índios.
Quando realizava o primeiro desmatamento na área, auxiliado por trabalhadores, num dia de muito sol, Manoel André escolheu a árvore sombria, onde pudesse descansar ao meio-dia. Encostou aí os instrumentos de trabalho e cuidou de preparar a “bóia”, quando então usou estas palavras: “Esta Arapiraca, por enquanto, é a minha casa”. Este seria o primeiro ponto de referência, o marco que, através do tempo, passaria à história.
Contam ainda os ramos ascendentes que, em seguida, Manoel André construiu, à sombra da árvore, uma cabana de madeira coberta com cascas de angico, onde passou os primeiros dias, enquanto fazia surgir a primeira casa, numa distância de cerca de cem metros, quando se instalaria com a família que viera de Cacimbinhas, no mesmo ano de 1848.
Em pouco tempo, formou-se um próspero sítio e, em 1865, quando Manoel André construiu uma capela, já havia um arruado de casas de taipa de duas águas, formando um quadro.
O povoamento de Arapiraca foi ocorrendo de forma sistemática, ou seja, tal qual as colonizações portuguesas tradicionais, o que resultou numa imensa árvore genealógica.
Assim, em 1848, o Capitão Amaro da Silva Valente de Macedo mandou o genro, Manoel André Correia dos Santos, comprar e ocupar a terra Alto do Espigão do Simão do Cangandu para localizar com a família, tendo em vista um sério incidente ocorrido entre Manoel André e o cunhado José Ferreira de Macedo.
Dez anos depois, (1858), o Capitão Amaro envia outro genro de nome José Veríssimo dos Santos, que ocupou a parte Sul da propriedade denominada Cacimbas. Em 1859, também seu cunhado Manoel Cupertino de Albuquerque (casado com sua irmã), que se instalou ao lado, no local denominado Baixão.
No final de 1860, Terezinha Nunes Magalhães (mãe de José Veríssimo), fica viúva de José Nunes Pereira de Magalhães, em Campos de Anadia e chega em Arapiraca em companhia dos filhos Domingos Nunes Barbosa, que fundou Canafístula, Estevão Nunes Barbosa, Manoel Nunes Barbosa (que fugiram da convocação da Guerra do Paraguai em Campos de Anadia e se refugiaram à margem de uma lagoa cercada de Craíbas, na herança de José Pereira, seu irmão ,e de Manoel Ferreira de Macedo, genro e filho do Cel. Amaro da Silva Valente, onde surgiu a povoação Craíbas dos Nunes.
A partir de 1861, chegaram José Ferreira de Macedo, Manoel Ferreira de Macedo (cunhados de Manoel André), e o sobrinho Pedro Cavalcante de Albuquerque, filho de Joana da Silva Valente e Manoel Cavalcante de Albuquerque; os primeiros se instalaram na Serra dos Ferreira e Pedro Cavalcante nos Caititus. Em seguida, chegaram os irmãos de Manoel André: Manoel Eugênio, André Correia e José Sotero, que se estabeleceram no Sítio Mangabeira.
Estes foram os primeiros povoadores, cujas famílias cresceram e multiplicaram-se, entrelaçando-se (não havia gente de fora), e formando esta imensa árvore genealógica através do tempo. Todavia, o que dificulta atualmente a identificação das famílias é a não conservação do sobrenome dos ramos ascendentes.
Assim, alguns remanescentes de Manoel André como os filhos de Maria Rosa Correia dos Santos e Lúcio Roberto da Silva passaram a usar o sobrenome Lúcio; os filhos de José Veríssimo dos Santos foram assim registrados: Manoel Antônio Pereira de Magalhães, Antônio Leite da Silva, Esperidião Rodrigues da Silva, José Nunes de Magalhães, Joana Umbelina de Magalhães, entre outros.
Do tronco de Manoel Cupertino de Albuquerque, foram registrados os filhos com estes sobrenomes: Manoel Nunes de Albuquerque, Inocêncio Nunes de Albuquerque, Antônia Maria de Jesus e outros. Os filhos de Bernardino José dos Santos foram assim registrados: Pedro Leão da Silva, Antônio Raimundo dos Santos, João Francisco Aureliano, Maria Antônia dos Santos, Josefa Maria da Conceição, Euzébio José dos Santos e outros. O tronco de Manoel André tem, pois, os seguintes ramos: Correia, Lúcio, Inácio, Vicente, Fausto, Umbelina, Belarmino, Amorim, Oliveira e outros. Segundo conta a tradição, o sobrenome Lima surgiu com a presença de Felipe José Santiago, que teria vindo de Água de Menino, Junqueiro-AL.
Já o tronco de José Veríssimo dos Santos possui os ramos: Magalhães, Rodrigues, Leite, Barbosa, Nunes, Pereira, Ventura, Honório, Oliveira e outros. Os descendentes de João de Deus (casado com uma tia de Manoel André), mesclaram-se com as famílias já referidas e tomaram os mais variados sobrenomes. Quanto aos irmãos José Ferreira de Macedo, Manoel Ferreira de Macedo, Maurício Pereira de Albuquerque e Joana Leopoldina da Silva Valente (casada com Manoel Cavalcante de Albuquerque), seus descendentes têm os sobrenomes: Macedo, Albuquerque, Nunes, Ferreira, Alexandre, Cavalcante, Oliveira, Gama, Pereira e outros.
Conclusão, eram irmãos: José Ferreira de Macedo, Maurício Pereira de Albuquerque, Manoel Ferreira de Albuquerque e as esposas de Manoel André, José Veríssimo Pereira, Joaquim Pereira e Manoel Cavalcante de Albuquerque que eram filhas do Capitão Amaro da Silva Valente.