20 de novembro de 2025

Histórico, Noite Preta marca celebração da cultura negra em Arapiraca

Fotos: Pablício Vieira

 

A resistência, saber e fé do povo negro foi exaltado na Casa da Cultura, nesta terça-feira (19). A Noite Preta integra a programação do Festival da Consciência Negra e contou com roda de capoeira, exposição das comunidades quilombolas Carrasco e Pau D’arco, homenagem aos povos de terreiros, roda de conversa e para encerrar a noite, as bandas Quiçaça e Vibrações fizeram a Tenda Cultural Afrísio Acácio pulsar num só ritmo.

A programação foi voltada para abrilhantar tudo o que é feito na cidade. “A gente fica muito orgulhoso de ter construído esse festival com a participação das comunidades quilombolas de Arapiraca. E acho que esse é o diferencial, fizemos uma série de reuniões para ouvir o que eles queriam que tivesse, o que eles gostariam de ver nesse festival. Então, esse é o resultado, o reconhecimento e valorização da ancestralidade do nosso povo”, explicou a secretária de Cultura Mônica Nunes.

Genilda Maria, artesã e representante da comunidade do Carrasco, falou sobre as obras expostas que reúnem diversas técnicas como pintura, costura e escultura. “O artesanato representa nossa cultura, tudo feito à mão com a nossa comunidade”. A exposição Mês da Consciência Negra conta com as obras das duas comunidades quilombolas do Pau D’Arco e Carrasco. Além disso, uma série de fotografias da pesquisadora Ana Araújo “Em Pau D’Arco, muitas flores”. “É uma honra poder mostrar o resultado dessas fotos que é também parte da minha pesquisa antropológica. Me sinto muito honrada em trazer para a Casa da Cultura, porque é um espaço muito importante para todo mundo que faz alguma arte na cidade”, destacou a fotógrafa.

Resistência e ancestralidade

Os terreiros de Arapiraca também participaram da noite com homenagem à Mãe Rita, uma das babalorixás mais antigas da cidade. Na roda de conversa “Ancestralidade e Resistência: como os saberes e práticas dos terreiros mantém viva a memória e a luta dos ancestrais”, o Pai Samuel, Klévio Thawan, Mãe Rita e Genilda Maria, compartilharam experiências com o público. “Nós somos os produtores de cultura dessa cidade, então jamais Arapiraca deve fazer cultura sem que nossos corpos estejam presentes, porque somos nós que colorimos a existência dessa cidade”, ressaltou Klévio.

A Superintendente de Igualdade Racial de Alagoas, Manuela Lourenço, ressaltou a importância de espaços como esses para manter viva as tradições que passam por gerações. “Os terreiros são espaços de memória, são espaços de proteção social, de informação e precisam da nossa atenção”.

Na tocada dos Ogãs, os atabaques ressoaram como clarins de guerra contra o preconceito e a intolerância religiosa. “É uma alegria, um momento de felicidade, da gente poder sentir a energia da terra e estar com a nossa ancestralidade. Além de poder mostrar um pouco da nossa cultura de terreiro para a população”, comemorou Pai Naldinho.

Encerrando a noite, as bandas Quiçaça e Vibrações subiram à Tenda Cultural Mestre Afrísio Acácio para trazer sucessos e animar o público. “Tocar em Arapiraca pra nós é sempre um  prazer imenso, a gente é sempre muito bem recebido aqui e hoje com esse mote do Festival da Consciência Negra, eu acho que é mais que especial porque isso sempre foi uma tônica do nosso trabalho”, compartilhou Luiz de Assis, vocalista da banda Vibrações.

 

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