12 de maio de 2021

Memórias da Enfermagem: a trajetória da primeira enfermeira a atuar na Atenção Básica em Arapiraca

Doze de Maio, Dia Internacional do Enfermeiro. Como forma de homenagear uma das profissões mais importantes, a Prefeitura de Arapiraca faz um resgate de parte da história da Enfermagem arapiraquense, através do relato da primeira profissional a atuar no Programa de Saúde da Família em nossa cidade.

O ano era 1992 e a Enfermagem, apesar de ser uma área da saúde já conhecida, não era tão explorada em Arapiraca. Haviam pouquíssimos enfermeiros nas Unidades de Saúde e, menos ainda, nos hospitais.

“Contava-se nos dedos o número de profissionais enfermeiros atuando nos serviços de saúde de Arapiraca. Lembro-me apenas de Josete, no 1º Centro, Socorro, na Unidade Especializada, Sandra, no HRA, Marlúcia, na Maternidade Nossa Senhora de Fátima, Vânia e Lêda, no nível central da Secretaria de Saúde, e Lenira, na sede da 6ª Região de Saúde”, disse Cleia Nobre, enfermeira formada há 33 anos pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio).

Ainda em solo carioca, Cleia casou com um alagoano e mudou-se para Arapiraca em 1992. Há 29 anos atua como enfermeira, ajudando no desenvolvimento da Saúde Pública de Arapiraca.

Acervo Pessoal

“Tive o privilégio de ser convidada para Coordenar o Pacs-Arapiraca, o que foi o início da minha jornada na Saúde Coletiva deste município. Conheci cada canto dessa cidade, toda zona rural e urbana, cada liderança comunitária, cada agente de saúde, suas alegrias e sofrimentos, lutas e vitórias. Conheci a triste realidade de uma Mortalidade infantil altíssima, muitos sequelados de Poliomielite e Hanseníase. Atuei em epidemia de Cólera e Sarampo, em casos de raiva humana. Havia muito o que se fazer”, relatou a profissional.

Após um início profissional intenso em Arapiraca, Cleia Nobre assumiu a enfermagem do 2º Centro de Saúde, onde pôde atuar na organização da Unidade Básica de Saúde, implantar e efetivar, em conjunto com sua equipe o Processo de Enfermagem aos grupos prioritários e à população em geral.

“A essa altura, já estava em andamento o Projeto do Conselho Federal de Enfermagem para extinção da categoria de Atendentes. Toda nossa enfermagem se esforçou, bravamente, para concluir seu ensino fundamental para ter acesso ao Curso de Auxiliar de enfermagem, e posteriormente, concluir o Ensino Médio, para complementar o Curso de Técnico de Enfermagem. Foi um grande passo em direção à qualificação da nossa assistência, pois com um nível educacional mais elevado, também pudemos, nós enfermeiros, efetivar a Educação permanente em serviço, de toda a equipe”, lembrou Cleia.

Acervo Pessoal

Chegada do SUS

Com a chegada do Sistema Único de Saúde (SUS), o quadro de enfermeiros em Arapiraca começou a crescer e se organizar. Em 1997, a Capital do Agreste recebeu o Programa de Saúde da Família. Cleia teve a honra de ser convidada para fazer parte da 1ª Equipe de Saúde da Família, na UBS de Batingas, localizada na zona rural.

“Foi uma experiência maravilhosa. Ser capacitada, participar do 1º Curso de especialização em Saúde da Família, junto com o médico da equipe, Severino Alexandre, capacitar semanalmente minha equipe de Nível Médio, as auxiliares Estelita e Luciene e os ACS. Também pudemos estruturar e acompanhar os grupos especiais, descobrir as nuances e particularidades da Comunidade, formar o Conselho Local de Saúde, com a colaboração da assistente social Alzenir, realizar diversas ações em conjunto com a Associação de Moradores e representantes sociais da área, construir nossas metas e buscar estratégias para alcançá-las. Enfim, éramos os primeiros, éramos o laboratório. Se o programa desse certo com a gente, era bem provável que as outras equipes também tivessem êxito”, disse.

Acervo Pessoal

A partir daí a Enfermagem arapiraquense foi crescendo vertiginosamente, aumentou o número de equipes e incentivou o desenvolvimento de toda área da Saúde. Arapiraca conta, hoje, com 60 equipes de Saúde da Família, fazendo com que a Capital do Agreste seja a única em Alagoas a atingir quase 100% de cobertura em todo seu território.

“Nesses anos todos de Enfermagem, atuando na Secretaria Municipal de Saúde de Arapiraca, passei pela Coordenação de Atenção Básica por duas vezes, com equipes extremamente comprometidas, e, pela assistência em outra equipe de Saúde da Família, na UBS Canafístula, onde, mais uma vez, fui muito bem acolhida e, extremamente, feliz”, lembrou.

Pandemia de Coronavírus

Com 29 anos de serviço prestado à Arapiraca, Cleia Nobre segue firme e forme no atendimento à população. Desde o início da pandemia de coronavírus, em 2020, ela tem conduzido a Educação Permanente, através da Plataforma Telessaúde.

Se você foi infectado e diagnosticado com Covid-19, a probabilidade de ter recebido uma ligação de Cleia Nobre com orientações a respeito da doença é muito alta. “Há um ano eu tenho acompanhado os pacientes de Covid-19, encaminhando os casos mais graves para a referência em Infectologia do Município, médica Luciana Fonseca. De lá para cá, foram cerca de 1.500 pacientes encaminhados, e mais de 15 mil ligações de monitoramento realizadas”, continuou a profissional.

Acervo Pessoal

Arapiraca conta, hoje, com um exército de profissionais de Enfermagem, desde enfermeiros, técnicos, e auxiliares de Enfermagem, que atuam em todos os níveis de assistência, desde a menor UBS, na zona rural mais distante, até o serviço mais especialidade, de maior nível de complexidade.

“Temos uma enfermagem dinâmica, comprometida e empática, que entende perfeitamente que seu objetivo de cuidado é o usuário e sua família, que a ‘razão do ser Enfermagem’ é o cuidar, que a sistematização da assistência é o norte e qualificação diária da Enfermagem é o objetivo que precisamos alcançar”, finalizou Cleia Nobre.

Autor: Erick Balbino

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