Benedito Ribeiro: O fundador da CAPA atrai o comércio estrangeiro do fumo para Arapiraca
No mês de aniversário da Emancipação Política de Arapiraca, uma série de reportagens especiais ajudam a contar histórias de pessoas e o orgulho delas em ser daqui. Seja pelos vínculos familiares ou afetivos com a cidade. Nessas histórias, um aspecto em comum, para elas Arapiraca se destaca como terra de oportunidades.
E pensando assim, muita gente fez e faz história na Terra de Manoel André, nesses 95 anos de emancipação da cidade. Entre tantos personagens, o que ilustra esta matéria é o empresário Benedito Ribeiro, natural da cidade Conceição do Almeida/BA, que adotou Arapiraca como sua cidade desde 1977, fundador da CAPA – Comercial Arapiraquense de Produtos Agrícolas Ltda – falecido no início deste mês, aos 88 anos.
Ele representa um movimento que apostou no potencial econômico do Município, reinventando e fortalecendo a fumicultura, cultura que deu o título a Arapiraca de “Capital Brasileira do Fumo”, por conta da sua expressiva produção.
Quem ajuda a contar essa história, que se mistura ao desenvolvimento da cidade, é Gilberto Ribeiro, gerente de produção da CAPA e um dos nove filhos do Benedito Ribeiro, que junto de mais três deles – Fábio, Sávio e Celina – trabalha na indústria fundada pelo pai.
Enquanto o fumo, conhecido “ouro verde”, brotava nos latifúndios dos agricultores familiares e grandes fazendeiros da região, que preferiram investir na cultura tradicional do fumo de corda, Benedito Ribeiro enxergou o potencial de Arapiraca para a produção do fumo em folha, destinado à fabricação de capas de charutos, e fundou a CAPA, no ano de 1977.
Mas a sua relação com a cultura da fumicultura nasceu cedo, quando ele ainda nem sonhava com o negócio promissor, que colocou Arapiraca no cenário internacional, diversificou a cultura do fumo e contribuiu significativamente com o desenvolvimento econômico da região, gerando emprego e renda para milhares de trabalhadores.
Atualmente, mesmo com a diminuição do cultivo, Arapiraca continua tendo lugar de destaque no segmento, importando o produto para Europa e Estados Unidos.
Nilzete Barbosa, 48, é uma das trabalhadoras da CAPA, que atua há mais de 15 anos na indústria de fumo. Ela explica que a empresa é de fundamental importância para quem ainda enxerga na cultura do fumo a possibilidade de geração de emprego e renda.
“Se não fosse essa oportunidade de trabalho na CAPA, que é renovada a cada safra do fumo, eu não teria facilidade para arrumar emprego no comércio. A minha vida toda foi trabalhando com o fumo, ainda na minha casa, com a minha, que é formada por agricultores”, afirmou Nilzete Barbosa.
Gilberto Ribeiro explica que a função dela é de fundamental importância para o controle de qualidade do negócio, que é fazendo a manoca, fase de preparação artesanal de preparo do fumo, etapa que une um conjunto de folhas atadas de mesmo tamanho, cor e qualidade, que são levadas para o processo de secagem e cura do produto.
Durante os longos anos à frente da CAPA, Benedito Ribeiro costumava dizer que formou uma equipe de companheiros de fé, que acabaram por absorver sua forma de dirigir a empresa, bem como o emprego da tecnologia para produção do capa escura para charuto de excelente qualidade. “Preparei a empresa para o futuro e a coloquei no caminho, dirigida pelos homens certos”, a afirmação é do próprio Benedito Ribeiro, durante uma entrevista.
Biografia
Benedito Galvão Ribeiro nasceu em Conceição do Almeida, BA, filho de Gilberto da Silva Ribeiro, agente beneficiador e comprador da Exportadora de Fumos Luiz Barreto Filho & Cia, e da dona Célia Galvão Ribeiro.
Nasceu em 9 de fevereiro de 1931 e desde cedo herdou os talentos do pai na lida com fumo. aos 8 anos já trabalhava com o pai, durante às férias e folgas da escola.
Em 1959 começou a trabalhar, oficialmente, na empresa Guararapes Exportação e Importação Ltda, de Salvador. Mas atuando em sua cidade natal.
O menino Benedito ajudava a empilhar o fumo para fermentação e classificava para seleção do tipos de melhor qualidade e tamanho, conforme exigência para o beneficiamento. Na época, as dificuldades do setor iam desde a falta de financiamento para produção até a ausência de mão de obra especializada.
Este foi o início de uma grande trajetória solidificada em esforço e dedicação. Benedito percorreu postos no setor fumageiro, em uma carreira que incluiu funções como classificador e orientador de beneficiamento e, ainda, gerente de compras na Demam & Cia Ltda – Exportadora de Fumos – e na Acomel – Importação e Exportação de Fumos Ltda, onde chegou a ser sócio.
Em 1977 se transferiu para Arapiraca e fundou a CAPA – Comercial Arapiraquense de Produtos Ltda, produtora de capa escura para charuto e exportadora de fumo em folha.
Se no começo a CAPA era direcionada a produção de capa escura, com o passar do tempo foi se abrindo ao comércio de exportação de fumo em folha. A empresa entra passa a operar com os mercados dos Estados Unidos, França, Espanha e Norte da África.
Dono de muitas histórias bem sucedidas para contar, Benedito Ribeiro tem no currículo a descoberta da técnica para produção de capa escura para , quando os maiores produtores eram os Estados Unidos, o México, a Colômbia Camarões, Angola e Cuba.
Quando iniciou a produção de capa escura para charuto, como era de se esperar, despertou o interesse da concorrência, chegando a 13 o número de empresas fabricantes do produto. Mas que foram perdendo mercado, enquanto a CAPA se mantém até hoje, sobrevivendo aos altos e baixos e exigências do mercado e também à política de combate ao tabagismo.
Atualmente administrada por seus filhos, que aprenderam com o pai a dirigir a empresa e manter a excelência do serviço e produto, a CAPA é símbolo do progresso da cultura fumageira da cidade que recebeu o título de “Capital Brasileira do Fumo”, que Benedito Ribeiro ajudou a conquistar.
(Fotos Genival Silva)
Autor: Ana Cavalcante