São João 2019: filha de João do Pife não perde um “Cultura na Praça”
Animada que só ela: Maria Nazaré honra o sangue forrozeiro (Foto: Genival Silva)
Todos os dias às 4h da madrugada, a dona Maria Nazaré dos Santos, de 68 anos, se acorda antes do galo cantar.
Ela liga o rádio e todos os vizinhos da residência nº 163 da Rua José Honório, no bairro baixa Grande, também escutam a programação.
Da “boca de som” sai a voz do mestre Afrísio Acácio no programa Manhãs Nordestinas, na Pajuçara FM, e uma sequência de músicas nordestinas para ninguém botar defeito.
Ela prefere dançar sozinha por ter mais liberdade (Foto: Genival Silva)
“Não perco um só programa dele! E toda segunda-feira, também não levo falta no projeto ‘Cultura na Praça’, que Afrísio também está à frente. É bom demais esse resgate às tradições do nosso povo”, diz ela, que é filha do saudoso João do Pife.
Maria Nazaré desde o berço escuta forró e isso ultrapassou a melhor idade. Ela dança sozinha por preferir a liberdade.
“Dançar forró, cair no arrasta-pé é tudo que há. Nem o padre fica parado!”, brinca a aposentada, ao som dos sanfoneiros do projeto que está, neste mês, fazendo um especial de São João dentro da programação do Aravantu 2019, na Praça Luiz Pereira Lima, Centro de Arapiraca, sempre às segundas-feiras a partir das 8h.
Capa do álbum “Chegança”, lançado em 1972, que conta com parcerias com Pedro Sertanejo
JOÃO DO PIFE
Mesmo nascido em 1932 na cidade de Porto Real do Colégio-AL, foi em Arapiraca que João Bibi dos Santos começou a tocar pífano. Autodidata, o pai de Maria Nazaré manuseava o instrumento que depois se integrou a seu nome, justamente quando ajudava seus pais nas lavouras de fumo.
Décadas depois, a cidade viria a ser considerada a “Capital Brasileira do Fumo”, vivendo sua era do “ouro verde” e ascendendo de vez no coração de Alagoas.
Foi nessa época que o então chamado João do Pife também crescia; já estava ganhando o país e levando o nome e a Música do nosso estado para todo o Brasil.
Entre 1960 e 1980, ele realizou shows em inúmeros lugares acompanhando o humorista Coronel Ludugero. Assim, conheceu e tocou com figuras como Luiz Gonzaga e Dominguinhos, virando também um ícone da Cultura Popular nordestina.
Gravou diversos vinis e deixou registrada sua passagem sonora entre nós. João do Pife morreu aos 78 anos, em 2009, na capital alagoana.
Fotos da galeria: Genival Silva
Autor: Breno Airan