Educadores e pais de crianças autistas participam da abertura do “Abril Azul”
Programação do “Abril Azul” é aberta para educadores e pais de crianças autistas
“O papel que você tem na vida do meu filho é fundamental. Ao incluí-lo, você estará na história dele, como pilar fundamental para o seu desenvolvimento. Quando ele estiver inserido na sociedade deverá isso a você. E eu nunca esquecerei. Então, eu espero que me compreenda. E também o meu coração apertado, o meu falar demais, meus medos e angústias. Eu estou entregando uma criança linda e com todo potencial em suas mãos. Esse aluno em sua sala é o centro do meu universo. Ele é a minha alma”.
A declaração, direcionada aos educadores, é de Aline dos Santos, mãe de Wesley dos Santos Alves, 7 anos, diagnosticado com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Ela foi uma das representantes das famílias presentes na abertura da programação do Abril Azul, realizada pela Prefeitura de Arapiraca, através da Secretaria Municipal de Saúde, na manhã desta segunda-feira (1º), no auditório do Centro de Referência Integrado de Arapiraca (Cria).
As palavras da Aline dos Santos carregam verdades e sentimentos comuns e compartilhados entre pais e mães de crianças autistas, que desejam ver os seus filhos crescerem em uma sociedade que compreenda, inclua e respeite o jeito único de ver o mundo do autista.
A partir do princípio da inclusão e direito à educação, o Centro de Reabilitação e Reintegração de Crianças com Autismo – Espaço Trate inseriu no seu calendário do “Abril Azul”, mês em alusão ao Dia Mundial de Conscientização do Autismo, um momento dedicado aos educadores e auxiliares de sala, que atendem crianças autistas assistidas pelo órgão municipal.
De acordo com Lidiane Bezerra, gerente do Espaço Trate, além dos profissionais da educação, as famílias das crianças autistas também foram convidadas a participar da roda de conversa. “A proposta é compartilhar experiências e ampliar os conhecimentos sobre o mundo do autista”, ressaltou.
Segundo ela, no contexto de vida dessas crianças, além da família, o professor é considerado um ator fundamental no processo de desenvolvimento da aprendizagem. Mas, para alcançar um melhor resultado, o educador precisa compreender os aspectos do TEA e as suas individualidades.
TEA
O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é uma síndrome comportamental, cujos sinais indicativos aparecem já nos primeiros anos da infância. Mas a identificação não é tão simples, por conta das particularidades apresentadas em cada indivíduo. O espectro agrupa desde um quadro mais leve, ou alta funcionalidade, com inteligência acima da média, a casos em que há baixa funcionalidade.
Entre os sinais do autismo: dificuldade em se relacionar com pares da mesma idade; brincar ou usar brinquedos de fora incomum; hiperatividade ou muita passividade; sensibilidade a alguns sons; chor ou risada inapropriada; apego a objeto diferentes; fala ruim ou ausência de fala; falta de consciência do perigo; e dificuldade em lidar com alterações de rotina.
O diagnóstico precoce e intervenções educacional, familiar e multiprofissional são essenciais no desenvolvimento dos casos de TEA. Identificado e vivenciado em crianças de muitas escolas do município, o tema é complexo e, ao mesmo tempo, desafiador e empolgante. Assim definem profissionais que trabalham diretamente com esse público.
Para a professora Rosângela Barbosa, diretora do Centro de Educação Infantil Joana Santana Leite, no bairro Primavera, a iniciativa do município é uma oportunidade para ampliar os conhecimentos sobre o tema. “A partir da fala de cada profissional e das famílias, passamos a entender, identificar e respeitar o universo do autismo. E ainda compreendemos melhor o nosso papel no processo de aprendizagem”, afirmou.
Professora Rosângela Barbosa ressalta a importância do evento no processo de acolhimento da criança com TEA
Temas
Com vídeos, palestras e mesa redonda, profissionais do Espaço trate compartilharam conhecimentos com o público. Entre os temas:
- “Compreendendo os comportamentos indesejáveis e promovendo os comportamentos desejáveis”, ministrado por Rosele Lúcio, psicóloga;
- “Dificuldades e estratégias comunicativas frente ao aluno com autismo”, Maiara Cristine, fonoaudióloga;
- Aspectos sensoriais no ambiente escolar”, Graziella Valeriano, Terapeuta Ocupacional;
- Estratégia para professores e mediadores de sala com crianças autistas”, Midian Cruz, psicopedagoga.
Rosele Lúcio, psicóloga do Espaço Trate, inicia a sua participação com o vídeo “Entendendo o autismo”
A programação continua nesta terça (2) e quarta-feira (3). E você confere no link:
https://web.arapiraca.al.gov.br/2019/03/municipio-abre-programacao-do-abril-azul-nesta-segunda/
(Fotos: Samuel Alves)