28 de setembro de 2018

Leia Mulheres: grupo literário carimba relevância em tempos sombrios

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Livro rendeu uma premiada série chamada “Handmaid’s Tale”, que está em sua 2ª temporada

O livro que será debatido pelo grupo literário Leia Mulheres Arapiraca neste sábado (29) e a realidade vivida hoje nas ruas e nos corações dos brasileiros nesses tempos eleitorais são de um alerta e tanto.

A obra distópica “O Conto da Aia”, da canadense Margaret Atwood, lançada em 1985, traz uma sociedade misógina, onde a mulher é (ainda mais) objetificada. Sua função é procriar.

O assunto é assustadoramente atual por conta do cenário que vive hoje o Brasil com um dos seus candidatos-homens à presidência incitando um discurso que diminui a mulher, sua inteligência, importância e valor em todos os campos sociais, insinuando que elas merecem, por exemplo, ganhar salários menores porque engravidam. Algo inimaginável em pleno século 21.

Segundo as organizadoras do Leia Mulheres Arapiraca, O Conto da Aia “conversa” diretamente com essas tensões políticas que estão acontecendo não apenas no nosso país – e isso se refere muito mais além à questão feminina, mas das minorias LGBTQ+ e negra que sempre estão condicionadas à política conservadora, ao olhar desigual de sempre.

O encontro do grupo literário será neste sábado (29) a partir das 15h30 na Universidade Estadual de Alagoas (Uneal), aberto a todo o público – homens e mulheres – disposto a conversar sobre o tema e o livro. Não há necessidade de ter lido a obra, que é uma profunda história moral.

Na oportunidade, haverá sorteio de uma camisa d’O Conto da Aia e de alguns brindes da Livraria Leitura para os presentes.

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Abertos ao público em geral, encontros são sempre bem animados e rendem ótimos papos

Mrs. Dalloway

No mês passado, o livro da vez foi o clássico “Mrs. Dalloway”, de Virginia Woolf, de 1925, que narra a história da socialite Clarissa Dalloway numa Inglaterra pós-Primeira Guerra Mundial. Isto é, uma personagem do chamado “entreguerras”. Clarissa permanece com os afazeres domésticos até que um dia resolve fazer algo diferente e sai na rua. Sozinha.

Essa é uma metáfora para a liberdade da mulher de hoje. Ela pode se posicionar, pode querer. É o que mais atenta o grupo literário Leia Mulheres Arapiraca, para a manutenção desse direito e pela equanimidade de oportunidades em todas as ambiências.

“O nosso desejo é ampliar esse projeto para que mais e mais pessoas tenham conhecimento do que é discutido aqui. É algo que vai à outra margem, coisa que a literatura tem o poder de fazer. Queremos que os homens venham participar dos debates,e que mulheres de outras idades e não apenas jovens façam parte. Por isso, estamos trabalhando para uma interação maior. Mês que vem, outubro, o livro é o ‘Frankenstein’, da Mary Shelley. Quem sabe façamos uma festa temática”, sinaliza Laura Emília Araújo, uma das fundadoras do Leia Mulheres Arapiraca.