Fiocruz analisa atendimento aos fumicultores nas unidades de saúde de Arapiraca
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), durante o mês de julho, desenvolveu um projeto piloto de atendimento aos trabalhadores e trabalhadoras da cultura do fumo e são atendidos na Unidade de Saúde da Vila Carrasco, na Zona Rural de Arapiraca. O levantamento foi apresentando – durante encontro, na manhã desta quarta-feira (08), no Centro de Referência Integrado de Arapiraca (Cria) – para as outras unidades que atendem este público.
Arapiraca é o único município do Nordeste, ao lado de três cidades do Sul do Brasil, dos 650 que cultivam o fumo, a receber a equipe da Fiocruz, que construiu o protocolo há um ano e meio e de lá para cá vem estudando os agravos que os fumicultores sofrem em decorrência do processo produtivo e como o Sistema Único de Saúde (SUS) pode melhor atendê-los.
“A saúde pública e privada não está preparada para fazer o nexo do problema que a pessoa chegou com o trabalho dela”, afirmou o tecnologista em saúde pública da Fiocruz, Marcelo Moreno. “Os sinais e sintomas são tratados mas a causa dos mesmos não”, completou.
Marcelo pontuou os quatro principais problemas de saúde dessa população: doença da folha verde do tabaco, distúrbios osteo musculares, intoxicações (crônicas e agudas) e transtornos (mentais e comportamentais).
“Os sintomas da folha verde, por exemplo, que são tontura e vômito, passam a fazer parte da vida dos fumicultores e eles se acostumam a lidar com a situação, mas terão repercussões a longo prazo”, exemplificou o tecnologista.
O profissional explicou que o protocolo proposto pela instituição busca intervir no trabalho, para melhorar o processo, e fazer um mapeamento do território, onde entra o município de Arapiraca, proporcionando assim uma atenção integral à saúde dos trabalhadores e das trabalhadoras que plantam fumo.
“O trabalho é excelente para o município mas para que ele dê certo é necessário que os profissionais que trabalham nas unidades de saúde se dediquem”, destacou a secretária adjunta de saúde, Leilany Sandrine. “Estamos investigando o que pode acontecer com a população em decorrência dessa cultura, que já foi o carro chefe da economia de Arapiraca, e vocês são peças chave”, incentivou.