Mulheres arapiraquenses contam rotina ao ocupar cargos considerados masculinos
Já se foi o tempo do preconceito. Pelo menos para Michelly Cavalcante, 29 anos, e Tatiane de Cira Santos, 31 anos. Mesmo ocupando cargos considerados masculinos – Michelly é agente de trânsito da Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito (SMTT) de Arapiraca e Tati é guarda municipal e motorista da Uber – elas disseram que nunca passaram por nenhum constrangimento por conta do sexo.
Com um filho de seis anos e divorciada, M Cavalcante, como é conhecida, é natural de Palmeira dos Índios e trabalha na SMTT há três anos, depois de ser aprovada em um concurso. Independente, ela ainda arruma tempo para se dedicar ao curso de Direito no período noturno. No trabalho, M é uma das três mulheres em um universo de mais de 90 homens.
Questionada sobre ser uma exceção, já que nunca foi desrespeitada, ela disse que isso pode ser reflexo da sua postura. “Eu não me enxergo inferior e no meu trabalho não sou nem homem nem mulher, sou agente de trânsito, por isso que escolhi ser chamada por M Cavalcante, para não pertencer a nenhum gênero”, explicou.
Michelly disse, ainda, que faz questão de trabalhar muito para não dar brecha de acharem que ela não é capaz. “Gosto de me destacar”, afirmou. E isso não é difícil. Basta ver o batom que ela usava no momento da entrevista. “Ah, maquiagem e brinco eu não deixo de usar”, garantiu.
Já Tatiane, apesar de não ter filhos nem fazer faculdade, além de guarda municipal, há um mês é motorista da Uber. Solteira, Tati toma conta do patrimônio público como guarda no Centro Administrativo, onde nunca teve problema por ser mulher. “Sou tratada como qualquer outra pessoa, não tenho regalias por ser do sexo feminino”, brincou.
Já como motorista de Uber, ela falou que muita gente até prefere. “Somos cuidadosas, eu particularmente sou perfeccionista e só ando com o carro limpinho, quem não gosta de entrar em um carro bem cuidado?”, questionou.
Realmente, Tati tem razão. Mas, brincadeiras à parte, a profissional agradeceu pela maneira como é (bem) tratada, seja como guarda ou como Uber e deu um recado: “Mulheres, não deem o lugar de vocês a ninguém”.