21 de fevereiro de 2018

Anatomia das Cores: artista visual realiza sua 1ª exposição nesta quinta (22)

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A mostra ficará no Vinil Coffee Bar até o dia 23 de março (Foto: Acervo pessoal)

Desde criança, o arapiraquense Jean Marcelo Júlio da Silva via nas histórias de literatura infantil um canal, uma ponte para os sonhos possíveis.

Hoje aos 42 anos de idade, ele acabou virando um artista visual que pinta a realidade como ela se dispõe à sua frente. Com toques surrealistas ou não, brincando com o nanquim, o grafite e a aquarela, o preto & branco e as cores da tinta acrílica.

Para brindar a sua fase mais criativa e pulsante, nesta quinta-feira (22), haverá então a sua primeira exposição “Anatomia das Cores”, aberta ao público, a partir das 19h no Vinil Coffee Bar, situado na Rua Alan Kardec, bairro de Santa Esmeralda. A mostra fica lá até o dia 23 de março.

Jean Marcelo (como assina em suas obras) transita por diversas técnicas, tendo como influência direta os artistas Pablo Picasso, Tarsila do Amaral, Salvador Dalí, Max Ernst e Dimitry Vorsin – este último carregando um erotismo onírico que o arapiraquense também explora bastante.

O resultado de seus experimentos diários, por sua vez, são registrados em seu perfil pessoal do Instagram @jeanmarcelo528, onde pode se ver boa parte do acervo sendo construído.

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O artista (de preto) entregando um desenho seu ao multi-instrumentista Hermeto Pascoal no ano passado, quando esteve em Arapiraca (Foto: Acervo pessoal)

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Confira agora uma entrevista exclusiva com Jean Marcelo:

Prefeitura de Arapiraca: Você transita em vários ambientes artísticos, afinal. Em circuitos de cinema, sarais literários, concertos musicais, mostras fotográficas e exposições de esculturas. Como isso se revela no papel quando você vai desenhar ou pintar?

Jean Marcelo: Às vezes, eu uso a coerência intersemiótica nos meus trabalhos.

Isso é interessante. Então, você traduz a poesia escrita ou declamada para o plano visual, por exemplo?

Quando leio algo que em algum momento do texto me chama a atenção, transformo aquilo em imagens. Seja poesia, conto, romance…

Como é um observador nato, o que mais lhe chama atenção no cotidiano, a ponto de você colocar suas próprias cores e linhas nisso, levando situações, ângulos novos para a folha ou a tela em branco?

O nosso quadro político atual é o que mais me (re)volta os olhares, apesar de eu não abordar muito isso. Bem, somos cronistas das imagens. Procuro extrair, através da prática, o que há de mais belo nas artes visuais.

Hmm… E seu trabalho se atém a esse lado mais mais existencial e também surrealista, não é?

Sim. É uma tema que me é muito caro. Gosto muito de imagens híbridas. Acho que o artista viaja no hibridismo.

E você tem praticado suas variadas técnicas diariamente e postado no Instagram os resultados, certo?

Verdade. Eu havia abandonado o desenho e a pintura. Daí fiz um Curso de Ilustração no Sesc Arapiraca, em 2016, com o artista maceioense Pedro Lucena. Foi a minha retomada, porque eu gostava de desenhar desde criança – acho que iniciei com uns 4 anos de idade, quando pude segurar um lápis pela primeira vez (risos). E o Renan Padilha, um grande artista plástico daqui e amigo meu, me mostrou um acervo que ele tem do Filipe Rinaldi e Júnior Borges… Isso de fato reacendeu a vontade de voltar aos trabalhos visuais.

Você encontrou, então, o seu modo mais perene de se comunicar.

Isso. O desenho é uma forma de expressão com infinitas possibilidades. Desenhar não é só ter talento. É prática diária. A gente tem que praticar para poder se comunicar melhor, a fim de que os nossos rastros sejam compreendidos. Ou não.