Campanha Janeiro Roxo alerta para o combate à hanseníase no município
Arapiraca é referência no tratamento da doença que afeta nervos e pele
A Campanha Janeiro Roxo tem o objetivo combater à hanseníase, doença infecciosa causada por uma bactéria que lesiona os nervos periféricos e diminui a sensibilidade da pele, antigamente chamada de lepra. Em Arapiraca, cidade referência no tratamento da hanseníase, diversas ações estão sendo executadas para orientar a população sobre a doença e os serviços ofertados pelo Sistema Único de Saúde (SUS)
A doença tem cura. Mas se não for devidamente tratada pode causar incapacidades físicas, alerta Karlisson Valeriano, médico da família, que atua no programa de hanseníase da prefeitura de Arapiraca. Ele orienta que as pessoas procurem uma unidade de saúde assim que perceberem o aparecimento de manchas, em qualquer parte do corpo, principalmente se a área apresentar diminuição de sensibilidade ao calor e ao toque.
Médico Karlisson Valeriano, em atendimento no Centro de Referência Integrado de Arapiraca
No caso de um diagnóstico favorável para a doença, o paciente é encaminhado para o Centro de Referência Integrado de Arapiraca (CRIA), que atua em parceria com as Unidades Básicas de Saúde (UBS) dos 46 municípios alagoanos que integram a II macrorregião de saúde. Em todo o estado, somente Arapiraca e Maceió dispõem desse serviço especializado.
O trabalho no CRIA é realizado por uma equipe multidisciplinar, que inclui médico, assistente social, farmacêutico e profissionais da enfermagem, em parceria com as unidades básicas. Entre os serviços disponíveis no setor de hanseníase, um laboratório que realiza um dos exames específicos para auxiliar no diagnóstico da doença, o baciloscopia de linfa. E, ainda, uma oficina de calçados e instrumentos adaptados para os pacientes que já apresentam algum tipo de deformidade ou incapacidade física.
Oficina de calçados e instrumentos adaptados para os pacientes com hanseníase é o único em atividade no estado
Hanseníase – é uma doença crônica, infectocontagiosa, causada pelo bacilo de Hansen (Mycobacteruium leprae), conhecida no passado com o nome de Lepra, e pode atingir homens e mulheres de todas as faixas etárias. No Brasil, anualmente, mais de 20 mil pessoas são diagnosticados com a doença. A transmissão acontece principalmente pelas secreções das vias superiores e por gotículas de salivas (secreções nasais, tosses, espirros) de uma pessoa doente que não esteja em tratamento.
Diagnóstico – O diagnóstico é feito na UBS. E para que ele seja preciso, o atendimento começa com avaliação clínica, uma conversa aprofundada com o paciente, aplicação de testes de sensibilidade, palpação de nervos, avaliação da força motora e de exames laboratoriais. A partir da conclusão do laudo, é iniciado um tratamento com antibióticos, que é fornecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Sintomas – O primeiro e principal sintoma é o aparecimento de manchas de cor parda, ou eritematosas, que são pouco visíveis e com limites imprecisos. Nas áreas afetadas pela hanseníase, o paciente apresenta perda de sensibilidade térmica, perda de pelos e ausência de transpiração. E quando lesiona o nervo da região em que se manifestou a doença, causa dormência e perda de tônus muscular na área. Podem aparecer caroços, inchaços nas partes mais frias do corpo, como orelhas, mãos e cotovelos e também pode haver alteração na musculatura esquelética causando deformidades nos membros.
Contágio – A transmissão da hanseníase acontece quando uma pessoa doente que apresenta a forma infectante da doença (multibacilar), estando sem tratamento, elimina o bacilo pelas vias respiratórias (secreções nasais, tosses, espirros). O contato direto e prolongado com a pessoa doente em ambiente fechado, com pouca ventilação e ausência de luz solar, aumentam as chances do contágio. Por isso, no caso de diagnóstico positivo, as pessoas que moram na mesma casa devem ser examinadas.
Tratamento – O tempo do tratamento é variável, de acordo com o estágio da doença, em torno de seis meses a mais de um ano. “Vale ressaltar que a hanseníase tem cura, desde que o paciente não interrompa o tratamento. A partir da primeira dose do medicamento, é anulado o bacilo transmissor”, afirmou o médico Karlisson Valeriano.