Renato e Seus Blue Caps faz nostalgia virar realidade em show no Bosque
Linguagens e gerações se encontrando: o dom que a música tem (Foto: Genival Silva)
A Música tem um poder invisível – daqueles que só se pode sentir. Foi o que se viu logo após a Segunda Guerra Mundial. O mundo estava tomado pelo terror do genocídio de milhares de inocentes, além dos reveses de soldados que lutavam contra um poder totalitário e fascista, coisa que a gente não quer tornar visível nunca mais.
Foi nesse campo de batalha que a geração pós-guerra se viu diante de um vazio existencial tremendo. Surgiram os poetas beats e uma música dançante chamada Rock N’ Roll, ali em meados de 1950.
No fim daquela década, alguns irmãos se juntaram para formar uma banda com sotaque tupiniquim e expressar o que sentiam àquela altura. Eram Renato Barros, Ed Wilson e Paulo César Barros. Os “Bacaninhas do Rock da Piedade”, apelidos deles por causa nome do bairro no Rio de Janeiro onde cresceram, logo se tornaram sucesso local após a gravação de seu primeiro long play (LP) “Twist”, em 1962, tocando na rádio e no programa Os Brotos Comandam, de Carlos Imperial.
Mas a influência de outros garotos igualmente sonhadores do outro lado do oceano atlântico, os Beatles, invadiu o gosto musical daqueles jovens brasileiros de tal modo que a banda Renato e Seus Blue Caps não seria mais a mesma. E eles explodiram no país inteiro.
Vários hits deles são versões do quarteto de Liverpool, que dominaram as paradas mundiais com seus iê-iê-ês por muito tempo. A mensagem era clara: diversão, amor e envolvimento verdadeiro em um cenário onde se vislumbrava a paz, depois de uma guerra insensata em escala global.
Renato e Seus Blue Caps botaram mais de 2 mil pessoas para dançar (Foto: Genival Silva)
Esse foi o pavimento para o que veio a se chamar depois de “Verão do Amor”, a partir de 1967, embalado pela psicodelia e o desejo harmônico de uma sociedade igual e vívida.
Jovem Guarda
Na esteira dessas movimentações culturais, o Brasil viu toda uma geração emergir com um som denominado “Jovem Guarda”.
As bases dos Beatles abriram as porteiras para as canções autorais e elas já estavam na boca do povo – e na sola dos pés. Ninguém ficava parado.
E esse revival se deu neste sábado (28) com a apresentação de Renato e Seus Blue Caps em show gratuito no Bosque das Arapiracas, dentro da Semana do Servidor 2017.
Quem estava na plateia não conseguia não dançar com músicas como “Não Te Esquecerei”, “Feche os Olhos”, “Menina Linda”, “Até o Fim”, “Tudo o Que Eu Sonhei” e até surpresas como “Corcovado”, de Tom Jobim”, e “Smile”, do gênio Charlie Chaplin.
“Estamos levando a cultura musical para o nosso país, coisa que estamos precisando bastante ultimamente. Nossas músicas não carregam apenas nostalgia, mas, sim, a identidade de toda a nossa geração sonhadora. Obrigado, Arapiraca, por essa receptividade calorosa e, ao mesmo tempo, parabéns pelos seus 93 anos de liberdade”, diz o cantor e guitarrista Renato Barros, no alto de seus 74 anos de idade e ainda na linha de frente da banda.
Momento foi também para prestar um tributo ao comunicador Jarbas Lúcio (Foto: Genival Silva)
Direto de Fortaleza, quem estava curtindo por lá era o engenheiro mecânico José Ailton Leão Barbosa, de 62 anos. Ele nasceu em Arapiraca e foi embora para o Ceará em 1975, mas firmou amizades por aqui. “Está sendo um momento bem bacana porque estou revendo vários amigos de infância e ainda aproveitando para reviver aqueles dias com essas músicas. Esse ambiente é muito bom e saudável”, conta.
E quem cantava todas as músicas era a servidora pública e administradora Mary Selma Brito, que atua na assistência de contabilidade da Secretaria Municipal de Finanças. “Não tem tempo ruim com essas canções! O prefeito Rogério está de parabéns por ter trazido o Renato, valorizando ainda mais o nosso trabalho como servidores do povo. Isso é um estímulo e tanto”, pontua ela, que trabalha na Prefeitura há cinco anos.
Na oportunidade, diversos artistas da terra se apresentaram no show de abertura, homenageando os servidores públicos de Arapiraca, com a banda Dija e Pé de Balcão dando todo o apoio instrumental aos cantores Beto Borges, Ginaldo, dr. Walberto, Jorginho, César Soares, Gorete, Adailton Reis, Olga Soares, Os Diamantes e Maurício Fernandes.
O momento também foi de tributo a um dos maiores comunicadores do Brasil, o eterno Jarbas Lúcio. Sua família recebeu uma placa, reverenciando seu o trabalho, das próprias mãos do prefeito Rogério Teófilo.
De lá, ele desceu e ficou no meio do povo, curtindo os shows como todo bom jovem da Jovem Guarda. Dentro da megaestrutura montada – parte dela permanecerá para os festejos de Emancipação Política nesta segunda-feira (30) –, segundo a organização, havia mais de 2 mil pessoas dançando, cantando e sonhando junto mais uma vez.