Queda de avião, memória e aventura marcam a história da eterna “Praça da Prefeitura”
Quem percorre as ruas centrais de Arapiraca e atravessa a Praça Luiz Pereira Lima, a eterna “Praça da Prefeitura”, nem desconfia dos mitos e lendas que cercam o local. Inaugurado em 1946, o conjunto de prédios que abrigou por mais de 50 anos a sede do Executivo Municipal foi palco de fatos, no mínimo, curiosos. Reza a lenda que em 1951, um avião monomotor que viajava de Garanhuns para Maceió caiu a 100m da prefeitura, numa plantação de fumo existente próxima à praça.
Sobre o destino dos ocupantes pouco se sabe, apesar de relatos da época darem conta que não houve vítimas fatais. Mas o que podemos afirmar com certeza é que a praça e seu entorno fazem parte da memória histórica e afetiva da cidade, marcando principalmente a vida de quem viveu intensamente sua infância e juventude por lá. Se nos dias de semana o movimento era de adultos entrando e saindo dos prédios públicos, os finais de semana eram pura diversão.
Ah, os finais de semana em Arapiraca durante as décadas de 80 e 90 eram fabulosos, a criançada se divertia e esperava ansiosamente pela chegada do sábado e do domingo, pós-missa, para ir à Praça da Prefeitura correr e brincar no Parque Municipal.
Antes mesmo disso, os estudantes da Escola de Ensino Fundamental Hugo José Camelo Lima, aguardavam o toque do sino da saída para percorrer o labirinto, subir e descer na gangorra, voar com o auxílio dos balanços e escorregar no mais tradicional brinquedo de lá, o “Cuscuz de Mundiça”.
Era muito bom viver naquela época, a memorável banca do Argentino, ainda existente, foi, durante tempos o local mais frequentado por crianças, jovens e adultos. Lá eram encontradas as principais histórias em quadrinho, os álbuns de coleção de figurinhas mais procurados em todo o país, os iô-iôs mais badalados pela juventude e as principais notícias do Brasil e do mundo.
Lá também eram realizados os torneios de xadrez mais disputados de todo o Agreste Alagoano. Eram dezenas de enxadristas disputando intelectualmente o título de melhor jogador da época.
Alí mesmo ao lado da banca de revistas a meninada pegava seus piões, enrolava nas ponteiras e os faziam girar para em seguida pegá-los em suas mãos e escutar o zunir daqueles rodopios. As bolas de gude também garantiam presença no local, e a risca para garantir o primeiro movimento no jogo era disputadíssima, mas a brincadeira nunca deixava de ser alegre e divertida.
Perguntar a qualquer pessoa de Arapiraca o quão era bom frequentar aquela praça é voltar no tempo em que o município, hoje com mais de 200 mil habitantes, era pacato e sereno, é embarcar em uma nostalgia memorável de fotos, músicas e tradições.
Como não lembrar da sede do governo municipal? Ela era alí, ao lado da Escola Hugo Lima, onde hoje é o museu historiador Zezito Guedes, local que hoje abriga coleções e exposições dos artistas da colônia arapiraquense, tais como Cícero Brito, Égide Jane, Marcelo Mascaro, Dija, entre outros.
Foi devido a ela que hoje a Praça Luís Pereira Lima recebe a alcunha de “Praça da Prefeitura”.
Centro de todo o conhecimento de Arapiraca, a Biblioteca Municipal Casa da Cultura guardava e guarda os melhores títulos e as memórias de toda a história do município para as pesquisas. Muitos intelectuais fizeram de lá seu refúgio para estudos, e, desta forma, alcançar posições de renome só aqui, mas como em todo o Brasil.
Em todo o seu espaço há um pouco da história do povo arapiraquense. Cada livro, cada mesa e cadeira, e as baias falam por si só o quão importante eles foram na vida dos cidadãos. A brinquedoteca e todo o seu espaço lúdico faz recordar um local que transmitia às crianças todo um reino encantado repleto de sonhos e magias.
Hoje totalmente renovada e modernizada, a Praça Luís Pereira Lima, a Praça da Prefeitura, criou uma nova identidade, mas não deixou de lado aquele sentimento saudosista que volta e meia aquece a memória daqueles que alí passaram momentos inesquecíveis.
Colaboraram com a matéria: Confraria dos Filhos e Amigos de Arapiraca (Confaa) e o coordenador Geral de Comunicação Guilherme Lamenha.