Pioneiro Manoel André fez da sombra de uma Arapiraca “a sua casa”
Sertanejo, trabalhador do campo, homem sonhador que desbravou quilômetros de distância para encontrar uma terra com solo propício para cultivar a sua agricultura, Manoel André Correia dos Santos entrou para as páginas da história ao transformar o Espigão do Cangandú em Arapiraca.
Fundador da cidade que, atualmente, mais prospera no Estado de Alagoas, Manoel André tem a sua trajetória de vida interligada com a história do município, e aqui ele fincou suas raízes quando, embaixo daquele angico branco, às margens do Riacho Seco, falou: “essa Arapiraca, por enquanto, será a minha casa”.
Mas a história antecede essa lendária frase. Começa em 1848, quando o capitão Amaro da Silva Valente de Macedo comprou aquelas terras junto ao senhor Marinho Falcão, e para lá encaminhou Manoel André, e sua filha, Maria da Silva Valente, para tomar posse da região denominada Espigão do Cangandú.
De acordo com a historiadora Edcléa Albuquerque, após chegar à região, ele e sua família, em um primeiro momento, construíram uma cabana de madeira coberta com cascas de angico branco onde se instalariam. Mais tarde, a cem metros de distância daquele acampamento, eles construiriam uma nova casa para viver.
Ainda segundo ela, a região habitada por eles era rica e favorecia o trabalho agrícola, pois apresentava excelentes condições de solo e clima propício para o cultivo de hortaliças, raízes, grãos e frutas.
O mesmo solo que hoje abriga o município polo da segunda região metropolitana de Alagoas, apontada por artigos e reportagens de publicações nacionais, como as revistas Exame e Veja, como um dos maiores destaques de adensamento urbano com potencial econômico do país.
Fé e Devoção
Em 1855, morre Maria da Silva Valente em decorrência de um surto de cólera. Enlutados, Manoel André e seus filhos Florêncio Apolinário, Maria Rosa dos Santos, José lnácio Correia e Vicente Correia enterraram o seu corpo ao lado da residência onde viviam.
Triste pela morte da sua primeira filha e por não poder sepultá-la na Igreja de Santa Cruz, como era o costume da família, Isabel da Rocha Pires pediu ao genro, em forma de promessa, para que fosse construída uma igreja no lugar onde ela foi enterrada.
E a promessa foi cumprida por ele. Em 1864, Manoel André ergueu a Igreja Matriz de Nossa Senhora do Bom Conselho, e para este feito trouxe do município pernambucano que leva o mesmo nome a imagem da santa para abençoar e dar proteção aos fiéis, à vila e ao povo arapiraquense.
Um grande passo rumo ao desenvolvimento foi dado em 1876, quando foi feita a trilha que levava à Vila de Porto da Folha, atualmente a cidade de Traipu, os comboios de animais. A trilha tornou-se bastante conhecida por tropeiros da região central do Estado de Alagoas. Por ela escoavam todos os produtos do povoado de Arapiraca e dos vizinhos para a travessia que era feita de Porto da Folha para Penedo.
Após 42 anos de contribuições diretas para o desenvolvimento do povoado, em 1890, a história de Manoel André Correia dos Santos, o fundador de Arapiraca, chega ao fim. No entanto, foi dele a grande contribuição e os feitos que fizeram desta terra um lugar de gente determinada e batalhadora.