Arapiraca e sua história na construção do Polo do Saber
Com menos de um século, Arapiraca é considerada o segundo maior polo de educação do estado
No próximo dia 30 de outubro, Arapiraca completa 93 anos de Emancipação Política. Com menos de um século de idade, coleciona o título de mais importante município do interior alagoano. E nesse contexto, há de se destacar a relevância da evolução do segmento educação, que segue a trajetória da história do município, o segundo maior polo de educação do estado.
A semente desse desenvolvimento começou a ser plantada antes mesmo do seu processo de emancipação, que aconteceu no ano de 1924. Relatos apresentados no livro “Arapiraca através do tempo”, do escritor, escultor e folclorista Zezito Guedes, narram que foi em 1885, a data da chegada do professor Antônio Raimundo, o primeiro contratado por lideranças do povoado para ensinar a meninada a ler, escrever e a contar.
As aulas eram ministradas numa residência particular improvisada como sala de aula. Nessa fase, a escolarização era considerada um privilégio acessível aos filhos de famílias com posição econômica destacada. Somente em 1890 foi criada uma escola mista. E em 1891, Esperidião Rodrigues, o primeiro prefeito do município, conseguiu do então governador do Estado, o Barão de Traipu, a nomeação da sua nora, Marieta Peixoto, a de primeira professora estadual.
Após esse feito, a próxima conquista de destaque para o campo da educação aconteceu somente no ano de 1940, após 16 anos da emancipação do município, quando foi instituído oficialmente o curso primário, com a fundação do Grupo Escolar Adriano Jorge.
A demora para que Arapiraca tenha embarcado no processo de escolarização, pode ser explicada por meio da observação dos costumes da época. Um deles era o estímulo à participação de toda a família, incluindo os filhos, nas atividades agrícolas. Primeiro, na cultura da mandioca e, mais tarde, com o fumo. Por isso a escolarização não era priorizada e a escola considerada um luxo dispensável.
Entretanto, se por um lado a valorização do trabalho afastava as crianças da escola, por outro, a partir da fase da ampliação e êxito no cultivo do fumo, que fez riqueza no município, mudaram-se as concepções, principalmente dos mais favorecidos financeiramente, que passaram a enxergar a necessidade da expansão da educação escolar para o progresso econômico do município.
Dessa fase até aqui, quanta diferença. A valorização da produção do saber, ao longo das décadas, foi conduzindo a cidade ao status de segundo maior polo da educação do Estado, sendo responsável pela mão de obra qualificada para atender as demandas, não somente da cidade, mas da região, passando a ser primordial no processo de desenvolvimento cultural, social e econômico do município.
Arapiraca coleciona belas conquistas. E no campo da educação, vale destacar histórias que refletem o progresso do município. Por isso, essa reportagem especial resgata a trajetória de algumas das primeiras unidades de ensino estabelecidas na cidade.
Grupo Escolar Adriano Jorge
O primeiro Grupo Escolar de Arapiraca foi construído na gestão do governador Osman Loureiro, na principal rua da cidade, onde funciona até hoje, a Escola Estadual Adriano Jorge, na Avenida Rio Branco. O corpo docente era constituído por algumas professoras que se deslocaram da capital e outras da própria cidade de Arapiraca que, em condições favoráveis puderam concluir o curso Normal em Maceió.
A nova escola passou a oferecer uma estrutura e instrumentos pedagógicos desconhecida da maioria dos arapiraquenses, na década de 40, a exemplo da mobília composta de carteiras duplas, o quadro negro, mapas e globo. A unidade escolar despertou o interesse da comunidade em ampliar o acesso ao ensino.
Instituto São Luís
Em 1943 o município ganhou a primeira escola particular, o Instituto São Luís, criada pelo professor Pedro de França Reis, com o apoio do Padre Medeiros Neto, então secretário de Estado, e do padre Epitácio, pároco da cidade. Hoje, no mesmo prédio, funciona o Colégio Nossa Senhora da Rosa Mística.
O Instituto São Luís, a exemplo do que acontecia com o Grupo Escolar Adriano Jorge, desenvolveu uma prática pedagógica aliada a uma rigorosa disciplina, de cunho tradicional. Reconhecido e respeitado por atender à forma como os pais consideravam a “boa educação”.
Reforço Educacional
Já na década de 50, após a inauguração das duas escolas, Grupo Escolar Adriano Jorge e Instituto São Luís, oferecendo o ensino de 1ª a 4 ª série, a população recebe dois reforços na área educacional: o Colégio Nossa Senhora do Bom Conselho e o Colégio São Francisco de Assis, considerados importantes marcos para a história da educação de Arapiraca.
Colégio Nossa Senhora do Bom Conselho
Fundado pelo Cônego Teófanes Augusto de Araújo Barros, em 1950, com o nome de Ginásio Nossa Senhora do Bom Conselho, o tradicional CBC, nasceu integrante da Escola da Campanha Nacional de Educandários Gratuitos (CNEG), que hoje é denominada de Campanha Nacional de Escolas da Comunidade (CNEC).
O colégio surgiu como uma novidade, trazendo o curso ginasial, que atualmente corresponde ao Ensino Fundamental. Naquela época, para conseguir uma vaga era necessário participar de um concorrido exame de admissão.
Após cinco anos do início das atividades, em 1955, a nova escola introduziu os cursos comercial, científico e normal, possibilitando aos alunos condições de ingressar nos cursos superiores das capitais mais próximas ou de exercer funções profissionais que exigiam maior qualificação.
A história do colégio se mistura com a do Dr. José Moacir Teófilo, que em 1955, após um período ocupando a função de interventor-diretor, foi nomeado definitivamente o diretor do colégio, onde exerce a atividade até hoje. Já com 90 anos, continua a dedicar a sua vida à formação educacional da juventude.
Colégio São Francisco de Assis
No ano de 1956, por iniciativa da Irmã Luzinete Ribeiro de Magalhẽs, mais uma escola particular se estabelece em Arapiraca, o Colégio São Francisco de Assis, dirigido por irmãs franciscanas. A instituição oferecia o ensino exclusivo para meninas, com uma prática pedagógica voltada para a formação das jovens. Posteriormente, o colégio ampliou a sua oferta de ensino para os meninos, como funciona até hoje, com turmas mistas, desde a Educação Infantil ao Ensino Médio.
No mesmo ano da fundação do Colégio São Francisco de Assis, um outro passo decisivo para a juventude arapiraquense foi a fundação da Escola de Comércio, voltada para o ensino técnico.
Avanço
Assim, Arapiraca foi desenhando um quadro educacional diversificado, a fim de atender a demanda do município e das cidades circunvizinhas, que passaram a ter a cidade como referência, tanto na educação privada, quanto na pública. Desde o ensino fundamental, ao ensino superior.
Uneal
E por falar em ensino superior, a história começou em 1970, com a abertura da Fundação Educacional do Agreste Alagoano (Funec), que manteve a Faculdade de Formação de Professores de Arapiraca (FFPA).
Desde essa data, outras transformações aconteceram na instituição. Em 1995 foi estadualizada, tendo o seu nome alterado para Fundação Universidade Estadual de Alagoas (Funesa) e em 2006, passou a ser intitulada de Universidade Estadual de Alagoas (Uneal). Atualmente oferta 11 cursos de graduação e matriculados mais de dois mil alunos, segundo informações da própria instituição.
Ufal
Outro importante avanço na educação de Arapiraca foi a implantação do campus da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), há 11 anos, quando o município foi contemplado com projeto piloto do Ministério da Educação (MEC), dentro do programa de expansão do ensino superior público e passou a ofertar, inicialmente, 16 cursos de graduação.
Além das duas instituições públicas, a Universidade Estadual de Alagoas (Uneal) e a Universidade Federal de Alagoas (Ufal), no município há mais de uma dúzia unidades particulares de ensino superior e técnico.
Dados do Censo
De acordo com o último Censo do IBGE, ano 2015, Arapiraca apresenta os seguintes dados educacionais, referentes a unidades de ensino públicas municipais, estaduais, federais e as privadas: 202 unidades de Ensino pré-escolar; 218 de Ensino Fundamental e 68 de Ensino médio.
Matrículas (unidade: matrículas – Ensino pré-escolar – Ensino fundamental – Ensino médio – Ensino Superior)
As conquistas no campo da educação, a exemplo da ampliação no número de escolas e da oferta de cursos universitários, vem mudando o cenário da cidade. A cada mudança, a história vai sendo construída, baseada na transformação social que provoca na cidade, que acolhe estudantes, professores e técnicos do próprio município e de outras cidades brasileiras.