Exposição de desenhos e esculturas explora universo da cultura pop
Mostra atinge tanto o público jovem como adulto (Foto: Breno Airan)
O que é cultura pop? Pouca gente se atém ao termo, mas é algo bem simples: aquilo que é de domínio público e tem, de fato, um caráter universal. Isso se aplica na música, no cinema, nos desenhos animados, na arte em geral. Há por trás um forte apelo estético.
Por exemplo, nem todo mundo conhece a obra “Gioconda”, de Leonardo da Vinci, por este seu segundo nome.
Porém, boa parte da população mundial que tem acesso ao mínimo de informação pode ligar seu rosto imediatamente à “Mona Lisa” – alcunha original da pintura feita pelo italiano no começo de 1500 depois de Cristo.
E é isso o que propõe a mostra “Arte Pop no Museu”, que fica até esta sexta-feira (29) no Museu Zezito Guedes, na Praça Luiz Pereira Lima, bairro do Centro, ao lado da Escola Hugo José Camelo Lima.
Ela, a mostra, quer instigar a capacidade do atlas de memória dos espectadores, com uma coleção de figuras emblemáticas da cultura pop do século passado e também deste.
Há várias referências à infância na “Arte Pop no Museu” (Foto: Breno Airan)
A exposição traz gravuras do desenhista, músico e professor de Artes, Nardel Guedes, e esculturas do artista de Teotônio Vilela-AL, Thony Silva, com ícones das recentes gerações como a Mulher Maravilha, Turma da Mônica, Manda-Chuva, Formiga Atômica, Dick Vigarista e Mutley (Corrida Maluca), Popeye, Ligeirinho, Recruta Zero, Hägar, Deadpool, Homem Pássaro, Falcão, Space Ghost, Patolino e Flintstones, entre outros.
O gosto das cores
“Sempre adorei desse universo e, só em 2005, meu gosto aflorou a tal ponto que fui procurar por cursos na área de escultura. Acabei indo até São Paulo para fazer oficinas de especialização com Glauco Longhi e também até Fortaleza, com Alex Oliver. Hoje trabalho com estes action figures, mas também faço peças sacras e bustos de figuras históricas, aproveitando o mote do meu curso”, diz Thony Silva, que é estudante de História, além de autônomo.
Suas peças são em resina e biscuit. Após concluídas, recebem tinta acrílica e verniz na finalização.
Para que elas ficassem verossímeis, Thony estudou a anatomia humana e muita História persa, egípcia, romana e grega, a fim de dar volume e presença aos movimentos de suas personagens nas esculturas.
Com um ateliê montado dentro de casa, ele está começando a ganhar mercado em todo o país, tendo clientes, sobretudo, nas regiões Sul e Sudeste.
Já com Nardel Guedes, a coisa toda começou quando, sempre que ia ao supermercado com sua mãe, a dona Célia, pedia para que ela comprasse uma edição dos quadrinhos do Recruta Zero.
“Era quase que um ritual nosso e aquilo fez a minha infância. Foi muito importante para o desenvolvimento da minha imaginação, algo que tem que ser repercutido hoje em dia em tempos de redes sociais e outras tecnologias que nos prendem, ao invés de nos ‘soltar’ como fazedores de Arte”, conta.
O diretor do museu Rodrigo Abrahão, o desenhista Nardel Guedes e o escultor Thony Silva posando para as lentes durante a exposição (Foto: Breno Airan)
Pouco tempo depois, ainda adolescente, conheceu outros desenhos animados e iniciou suas tentativas miméticas no papel. As representações iam ficando cada vez mais parecidas com as figuras que ele decalcava na cabeça.
Hoje, o professor de Artes tem uma relação bem próxima com seus alunos da Escola de Ensino Fundamental Pedro Correia das Graças e na Escola Santa Clara de Assis.
Ele ensina a história da Humanidade se relacionando com suas formas expressivas manifestadas em Arte. Os estudantes se encantam com as abordagens e, por isso, muitos deles visitaram sua exposição de gravuras que ficam lá até esta sexta-feira, com entrada franca em horário comercial e até no período noturno.
Seus traços enfocando diversos desenhos animados de sucesso foram feitos em papel canson 200mg. O profissional utilizou lápis no esboço e nanquim e posca para a confecção de cada peça, que ao final foi emoldurada com um vidro antirreflexo.
Este é, aliás, um reflexo do que quer o Museu Zezito Guedes. Para o diretor da instituição, Rodrigo Abrahão, Arapiraca vive um momento de ebulição criativa e o local estará sempre aberto para todo tipo de Arte. “Todos são bem-vindos: artistas e público”, finaliza.