25 de maio de 2017

Banco de leite de Arapiraca resgata a alegria de mães e ajuda a salvar vidas de bebês

Trabalho humanizado assegura atendimento eficiente que ajuda a salvar vidas

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Doação de Leite em visita domiciliar realizada pelo Banco de Leite Humano de Arapiraca.

A espera de um bebê é um momento especial na vida de uma família. Entre os desejos da futura mamãe  está a de uma gestação regular, um parto  tranquilo e um bebê saudável. Na prática, nem sempre as coisas acontecem como o planejado. No Brasil, nascem aproximadamente 3 milhões de bebês por ano, sendo que 332 mil são prematuros ou vêm ao mundo com baixo peso. E muitas deles precisam  ficar internados, assim que nascem. Por causa disso, precisam da doação de leite humano.

Nessa hora, o alimento que é considerado importante para o desenvolvimento  e proteção contra doenças de qualquer criança, principalmente durante os seis primeiros meses de vida,  passa a ser essencial para as que estão internadas e não podem ser alimentadas pelas próprias mães, por não produzirem leite em quantidade suficiente.

É quando entra o necessário trabalho do Banco de Leite Humano Ivete França Lima, um órgão municipal, mantido pela Prefeitura de Arapiraca, por meio da   Secretaria da Saúde, responsável por abastecer as maternidades da cidade com o alimento coletado nos hospitais, na própria sede do órgão ou em atendimentos domiciliares.

Arapiraca é um dos quatro municípios alagoanos que possui o serviço. Além dele, somente Maceió, com duas unidades, São Miguel e Palmeira dos Índios. Totalizando cinco Bancos de Leite no Estado. E para mantê-los é necessário um gesto de generosidade e amor: a doação do leite humano.

Samuel Alves

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Banco de Leite Humano Ivete França Lima, em Arapiraca,  é um dos cinco do Estado.

Quem passa pela experiência de ver o seu bebê salvo pelo gesto, expressa gratidão. E quem doa, afirma sentir felicidade por compartilhar amor. Essa é a sensação descrita por Francielly da Silva Oliveira, 22 anos, mãe de primeira viagem de uma linda e saudável garotinha de 4 meses, e também doadora de leite materno.

“Sinto uma felicidade enorme e considero uma verdadeira bênção alimentar a minha filha e ainda poder dividir o meu leite materno com outros bebês. Está sendo uma maravilhosa experiência. Eu me coloco no lugar das mães que não podem alimentar seus filhos e dependem das doações e me sinto privilegiada”, declarou Francielly da Silva Oliveira.

Emocionada, ela fala do primeiro contato que teve com o Banco de Leite e da importante participação do marido, Carlos André Honório, em todos os momentos, da gestação, parto e no pós. Foi ele quem procurou o Banco de Leite e incentivou a mamãe de sua filha a doar o alimento, entendendo a importância para a saúde dela e dos bebês beneficiados com o leite materno.

Samuel Alves

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Família compartilha amor com ato de doação de leite materno.

“Quando já estava em casa com a minha filha, comecei a apresentar um quadro febril e com seios cheios demais. Voltei à maternidade e lá fui orientada a procurar o banco de leite para realizar a doação e receber as orientações. Aí entrou a participação do meu marido, que foi ao local e lá recebeu todas as informações. Desde então, passei a ser assistida pelas profissionais do banco de leite e me tornei doadora. E não preciso ir até o local, uma equipe vem até minha residência e recolhe o meu leite”, afirmou Francielly da Silva Oliveira.

Ela chega a doar, semanalmente, 10 recipientes de leite materno, cada um com o equivalente a 300 ml, responsável por sustentar até dez recém-nascidos, diariamente. A quantidade recolhida é considerada a sobra do que precisa para alimentar a sua filha. Sendo assim, não há perdas, somente ganho para quem doa e recebe.

O exemplo da Francielly da Silva Omena é comum. Muitas mulheres passam a conhecer os serviços ofertados no Banco de Leite a partir de uma necessidade. Além do trabalho voltado para a coleta, processamento e distribuição do leite materno, o local conta com profissionais da saúde preparadas para orientar as mulheres nas questões relacionadas a complicações no processo de amamentação.

Samuel Alves

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Daiane Brito Félix recebe orientações sobre amamentação, em visita ao Banco de Leite.

Daiane Brito Félix, 29 anos, revelou que teve uma gestação tranquila e parto normal, sem complicações. Mas que no terceiro mês de amamentação foi diagnosticada com mastite, um processo inflamatório, caracterizado principalmente pela dor e que dificulta a amamentação. Ela afirma ter pensado em desistir de amamentar, e somente superou o problema após o atendimento no Banco de Leite.

“Eu costumo dizer que no Banco de Leite eu encontrei uma família. Desde o primeiro dia foi essa a sensação, pela maneira como eu fui acolhida. Passei por um momento delicado, eu queria amamentar a minha filha, mas sentia muita dor e estava prestes a desistir. E isso me deixava fragilizada. Eu vim em busca de ajuda e a enfermeira que me atendeu foi também uma psicóloga, ouviu minhas dúvidas, amparou o meu choro e devolveu a minha paz e esperança”, ressaltou Daiane Brito.

A enfermeira que realizou o atendimento, Patrícia Rolim, comenta sobre a satisfação de ajudar mamães e bebês. Ela ainda ressalta a importância da divulgação dos serviços prestados no Banco de Leite e da parceria com as maternidades, importante no papel da captação das doadoras.

Samuel Alves

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Leite doado passa por análise antes de ser pasteurizado e encaminhado às maternidades para a doação.

“Apesar da participação de muitas mães, o número de doações ainda é baixo, em relação à demanda do município. Vale ressaltar que nem todo o leite doado é aproveitado. Após passar pelo processo de análise, há significativa quantidade que precisa ser descartado e não chega a ser pasteurizado para o uso. Por isso enfatizamos quanto aos cuidados na hora da coleta e no armazenamento, a fim de evitar desperdícios”, explicou a enfermeira.

De acordo com Deise Gonçalves, assistente social e diretora do Banco de Leite de Arapiraca, toda mulher que amamenta é uma possível doadora de leite humano. “Para doar, Não é exigida uma quantidade mínima de leite materno, basta ser saudável e não tomar nenhum medicamento que interfira na amamentação”, comentou.

A diretora também explica que há três maneiras da mulher realizar a doação do alimento: no próprio banco de leite, nas maternidades dos hospitais, ou solicitando o atendimento domiciliar. E para que ela seja cadastrada como doadora, é necessário apresentar os exames de HIV, Sífilis e Hepatite B e C.

Deise Gonçalves ainda explica que após recebimento do produto, o leite passa por uma rigorosa análise, sendo pasteurizado e, em seguida, avaliado no controle de qualidade, antes de seguir para as UTIs neonatais das maternidades.

Samuel Alves

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Diretora do Banco de Leite, Deise Gonçalves, feliz em visita domiciliar.

Ela ainda cita alguns cuidados especiais durante a ordenha, como: usar lenço ou touca de banho nos cabelos na hora da coleta; usar máscara ou uma fralda de pano no rosto; evitar conversar durante a ordenha; lavar as mãos e os antebraços com água e sabão, até os cotovelos; manter as unhas curtas e limpas; desprezar os primeiros jatos de leite (cerca de 1 ml); Usar recipiente esterilizado, de boca larga e tampa, para recolher o alimento; guardar o leite coletado imediatamente no congelador; e  não encher demais o recipiente.

O Banco de Leite Humano Ivete França Lima fica localizado na Rua Padre Cícero, S/N, Centro, ao lado do 5º Centro de Saúde. Os telefones para contato são (82) 98109-9112 e o (82) 98211-2721.