Discussão sobre Cultura cria ambiente favorável para crescimento artístico local
ONG Candeeiro Aceso “acendeu” o diálogo entre os que fazem Arte em Arapiraca
(Fotos: Lourdes Rizzatto/ cortesia)
O palco para a retomada da discussão – até filosófica – sobre o que é Cultura, nesta quinta-feira (19), foi um bar alternativo. Nada mais adequado.
No bairro Alto do Cruzeiro, o Baco Pub serviu de pano de fundo para as cartas serem postas à mesa, sem nada nas mangas, durante o laboratório cultural “De Verso Diverso”, organizado pela ONG Cadeeiro Aceso.
Para tanto, o secretário Municipal de Cultura, Lazer e Juventude, Silvestre Rizzatto, fez questão de participar para ouvir os levantes da classe artística dos mais variados segmentos.
Foi discutido o que já é feito e como isso pode melhorar. “Os artistas aqui se sentem desvalorizados por não haver políticas públicas voltadas para que seus trabalhos saiam do anonimato e cheguem às praças, aos teatros, ao povo”, contesta a cantora Kelly Rodrigues, que afirmou ter “dado um tempo” na Música – e focado na gastronomia – justamente por isso.
Para o cineasta Wagno Godez, o poder público tem, de fato, o dever de promover as potencialidades culturais de um povo com políticas públicas sérias. “Mas estávamos acomodados. Até a realização desse encontro aqui da Candeeiro Aceso. O artista precisa também buscar meios e mecanismos e não apenas esperar tudo do governo. O artista faz e o poder público fortalece, viabiliza”, coloca.
Criando um ambiente propício ao pensamento crítico, a ONG explanou, sobretudo, diante de sadias provocações: “Por que nós, como povo, não valorizamos os nossos artistas?”, “Patrocinar um evento é valorizar ou apenas comprar ingresso o seria também?”, “Arapiraca tem potencial de lançar músicos, escultores, artistas plásticos lá fora? Se sim, por que isso não acontece?” e “Temos uma identidade?”. Essas respostas serão traçadas ao longo dos próximos encontros.
Essa demanda ficou clara para Silvestre Rizzatto. “O artista precisa de incentivo. Não apenas para exercer seu ofício ou ganhando bons cachês em suas apresentações, mas também tendo capacitações de projetos – para participar de editais locais e nacionais –, oficinas e cursos gratuitos e apoio de divulgação. Quero a demanda de vocês, trabalhar com vocês”, diz.
Um dos organizadores da movimentação e membro da Candeeiro Aceso, Albério Carvalho, certificou que a presença do secretário de Cultura, Lazer e Juventude no local já é um grande avanço para as conversas que virão a seguir.
A intenção de Rizzatto, junto com a sua equipe que está sendo formada, é mapear os segmentos para poder identificar cada núcleo de Arte em Arapiraca para, então, ficar ainda mais próximo deles.
“Queremos criar um Conselho Municipal de Cultura forte, atuante, a fim de realizarmos fóruns para que esses debates floresçam cada vez mais”, pontua ele.
Na oportunidade, artistas da nova e velha guarda se uniram no evento, a mostrar o elo entre as gerações e a força expressiva que isso denota.
Aos intervalos das explanações, os músicos André Tenório (Gato Negro), Priscilla Prill (O Jardim), Kelly Rodrigues e Kiko Carvalho (O Louco) tocaram canções autorais, gabaritando em som tudo o que Arapiraca é e pode ser ainda mais.