20 de junho de 2016

Grupo de Diálogo: atividade busca prevenir a violência nas escolas de Arapiraca

PUBLI III

É certo que no mundo falta amor de um para um, de todos por um ou de um por todos, mas também falta diálogo – conversação entre uma ou mais pessoas com o intuito de ampliar a compreensão sobre o outro, este universo complexo de mil e uma possibilidades, e rincões a desbravar.

É por isso que, o Grupo de Diálogo, uma das etapas fundamentais da proposta pedagógica da Metodologia Liga Pela Paz, busca apresentar ao estudante a importância de não só se expressar, como também de saber ouvir e acolher as ideias e opiniões dos colegas.

A iniciativa, implantada na rede municipal de ensino de Arapiraca, é fruto da parceria entre a Secretaria de Estado de Prevenção à Violência (Seprev), a prefeitura do município e organização Inteligência Relacional.

Este processo dialógico é denominado de “escuta afetiva”, em que o indivíduo desnuda-se de julgamentos. Nesta etapa, o ouvido põe-se disposto a apreender verdadeiramente o que o outro tem a dizer.

PUBLI IVNeste “jogo de ganhos”, como defende David Bohm, um dos autores que inspirou a metodologia para o desenvolvimento da educação emocional e social, as ideias partilhadas são complementares. Elas não se desencontram, não são feitas de lugar-comum, não disputam o primeiro lugar, como em uma discussão. As ideias são a união do que há de bom em cada trecho do círculo composto, por exemplo, pelos alunos do 7º ano da Escola de Ensino Fundamental Pedro Arestídes da Silva, no Sítio Alazão, zona rural de Arapiraca.

Os cerca de 30 alunos da professora de Português, Marizete Barbosa de França, reuniram-se, nesta quarta-feira (15), para dialogar sobre a importância do olho no olho, ato que exige de nós coragem e entrega. Afinal de contas este movimento também exige tempo e denuncia as emoções caladas, que não sabem dizer-se com palavras, e nos vestem de sinceridade e atenção.

PUBLI VI

Durante o processo dialógico, em dupla, de frente um para o outro, meninos e meninas tiveram inicialmente 5 minutos para descobrirem, ainda que de maneira breve, quem estava ali, por trás daqueles olhares curiosos, mas também forasteiros, impacientes, furtivos e meio “sem jeito”.

“Gosto bastante deste momento da Liga Pela Paz, porque a gente fica sabendo de coisas de nossos colegas que a gente nem imagina. E podemos também dividir um pouco de nós com cada um deles”, disse a estudante Cláudia Fabrycia.

Passado este instante de diálogo em dupla, a professora e os alunos puderam dialogar, de forma coletiva, sobre todas as coisas que vieram à tona nesse rápido e produtivo espaço de tempo dedicado à escuta afetiva proposta pela Metodologia Liga Pela Paz.

PUBLI IPara a professora Marizete, o Grupo de Diálogo é uma estratégia psicopedagógica importante para fortalecer as relações entre educador e educandos, ao passo que também busca a pluralidade de ideias.

“Apesar de alguns alunos serem mais retraídos, eu sinto que todo mundo tem se envolvido. É interessante escutá-los expressar suas opiniões e emoções”, afirma Marizete, que ainda conclui: “A Liga Pela Paz é algo novo, fruto de uma necessidade que nós professores já sentíamos – trabalhar as emoções – e veio em um momento oportuno para minimizar toda essa violência nas escolas”.