Artista explora matizes afro em exposição de xilogravuras

Como num ato reflexivo e de muito zelo e paciência, o artista plástico Judivan Lopes esculpe a extensão de si mesmo. Ele, professor de Artes no Instituto Federal de Alagoas (Ifal), está fazendo uma exposição de 37 obras, pela primeira vez juntas em uma mostra.

A “Xilogravuras – Matrizes & Matizes” ficará no Museu Zezito Guedes, na Praça Luiz Pereira Lima, bairro do Centro, até o próximo dia 10 de dezembro, com entrada franca e sempre no horário comercial.

A abertura se deu com coquetel e muita música com a cantora e violonista Naty Barros, que é estudante de Psicologia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), militante negra e feminista.

Por sua vez, o evento ocorreu durante a Semana da Consciência Negra e Indígena “Quilombo Consciência, Quilombo Resistência”, do Ifal campus Arapiraca, com o apoio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Sectur).

Misturas

Segundo Judivan Lopes, estas obras xilográficas vêm sendo feitas desde 2001 e representam sua inquietude no tocante às artes que abordem o cotidiano e os elementos e matizes de cores entre a África e nossa região nordestina, por exemplo.

No título da exposição, ele põe as “matrizes” como raízes afro e também por serem assim chamadas as estruturas em madeira para que se faça a pintura em xilogravura.

"É, na verdade, uma dualidade de sentidos. Tenho trabalhos que trilho por caminhos expressivos em linguagens artísticas bi e tridimensional. Aqui, apresento obras de temas impregnados de personagens da ancestralidade afro e de tipos étnico-populares do Nordeste, expressões das resistências cultural e sócio-política", diz ele.

Recheada de sincretismo iconográfico, a exposição está com representações dos deuses Oxóssi, Oxum, Oxalá, Xangô, Oxamguiá, Ogum, Exu e Iemanjá, além de imagens do gogó da ema, peixeiros, cabeças e uma feira de cabeças, remetendo a Lampião e seu bando.