29 de dezembro de 2014

Portal literário realiza doação de livros no Centro de Arapiraca

A paisagem de interior é reforçada não apenas pelo verde, mas pelo farfalhar de sacolas que movimentam as feiras livres e o lepe-lepe das sandálias para lá e para cá. No Centro de Arapiraca, a segunda maior cidade de Alagoas, este é o cenário de todas as segundas-feiras.

Foi neste descortinar de histórias vividas semana após semana que o portal literário LeroWhite decidiu aportar, na Praça Luiz Pereira Lima, defronte ao Museu Zezito Guedes, bairro do Centro.

O grupo de jovens à frente do portal fez uma feira de doação de livros, com o apoio da Casa da Cultura e Biblioteca Municipal Prof. Pedro de França Reis, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Sectur), e também do Estúdio Cumbuca e do digital retoucher Allan Carlos Silva.

Ela teve início às 10h30 desta segunda-feira (29) e surpreendeu muita gente que passava pelo local. “Achei muito interessante a iniciativa do portal por trazer cultura e incentivo à leitura para a praça. Vi crianças, senhoras e até guardas municipais participando dessa corrente. Muito bacana!”, pontua o estudante de biologia Rodrigo Polati, de 27 anos, que conseguiu pegar um exemplar de “Memorial do Convento”, romance de José Saramago, e levar mais algumas publicações infantis para seu sobrinho.

A ação toda funcionou a partir do esquema de monetarização “Pague Quanto Quiser”. “É apenas uma forma de continuarmos a promover ações deste tipo. O dinheiro revertido será para confecção de banners e marca-páginas. Mas, como se trata de doação, os arapiraquenses puderam muito bem visitar nosso estande, garimpar e pegar livros sem precisar pagar nada”, diz Janu Leite.

Ele, que é músico e produtor cultural, se juntou à estudante de Engenharia Química, Vanessa Daiany, e ao projeto de jornalista Breno Airan para agitarem a cena literária local.

“Estou terminando a faculdade de pedagogia e achei este projeto maravilhoso! Estou levando diversos livros tanto para mim, quanto para meus dois filhos. Tenho computador e costumo ler alguns volumes pela tela, mas não tem o mesmo tato que um livro em mãos. E, na minha profissão, a gente tem sempre que ler bastante, se atualizar. Estão de parabéns o portal LeroWhite e a Secretaria de Cultura por apoiar algo do tipo, que só nos enriquece”, diz Nadja Matias, de 37 anos.

Mais de 250 livros infantis, romances de literatura universal, gestão, auto-ajuda e outros diversos foram movimentados na manhã desta última segunda-feira do ano. A pretensão é fazer uma próxima ação desta perto do Carnaval.

Portal literário

O trio, que é seguido por quase 900 pessoas em página oficial no Facebook, desconstrói muita coisa como sabemos e transformam tudo e nada em pauta para os escritos programados para toda segunda, quarta, sexta-feiras e domingo.
“E se tudo que a gente sabe hoje fosse um grande migué? E se nos ensinaram erradamente e omitiram muita coisa? Bem, vamos criar nossas versões dos fatos com a liberdade poética que nos foi dada ao nascer”, comenta Janu Leite.

“Acho que vem na água, essa poética arapiraquense. Parece que nós, naturais dessa terra, estamos fadados a ter uma percepção diferente sobre as coisas ao redor. Deve ser a água… A gente nasce inquieto, como se quisesse saltar do corpo, e, tenho que dizer, inquietude é um radar natural”, pontua Vanessa Daiany sobre o escrever constante e a respeito da criação do portal.

Com o advento da internet, muitos blogs nasceram feito fonte de água cristalina, mas nem tantos duraram muito tempo. Isso foi um grande aporte para o retorno do formato de crônicas por parte dos escritores. “E um dos pontos é este: o LeroWhite não vai se restringir, se fechar. Criamos esta página para justamente brincar e brindar com o que ulula no cotidiano; haverá crônicas, contos, poesias, tudo sobre a pregnância das coisas”, diz Breno Airan.

E continua: “Mas ele não vai ficar só nisso. Nossa pretensão é criar um blog e um aplicativo para ficar mais fácil acessá-lo, lê-lo, experimentá-lo em todos os seus vieses. Esperamos com sinceridade que este seja um momento de ebulição da literatura em nossa cidade – com quem sabe outros projetos surgindo –, pois já vemos os pauzinhos se mexendo quanto ao jornalismo literário, a exemplo do excelente portal Vidas Anônimas”.

Ele citou a chegada da Livraria Adapter, após um ano de Arapiraca permanecer no limbo, sem qualquer empreendimento do tipo, e a reforma da Casa da Cultura – que em breve contará com um Café Literário – para esta inadiável retomada na produção do setor das letras.

Com efeito, os três têm certo contato com o meio literário. Este último, Breno Airan, recentemente teve dois aforismos seus compondo o livro “É Duro Ser Cabra na Etiópia”, da escritora e atriz Maitê Proença. O produtor cultural e músico Janu Leite já recebeu menção honrosa no Concurso de Poesia Mendonça Neto e teve publicações suas nas antologias poéticas Diário do Escritor 1 e 2 e o pedido da editora Litteris para utilizar uma letra de uma canção de sua autoria numa futura antologia literária. Por sua vez, Vanessa Daiany tem três poemas publicados também numa antologia, desta vez pelo Concurso Maria das Neves de Poesia.

A equipe não se restringe a eles – ainda há o abalroamento dado pelos digital retoucher Allan Carlos Silva e designer Victor Hugo Brito, este último, integrante do Estúdio Cumbuca. O primeiro, que fez a logo do portal, recentemente foi destaque na revista Adobe Photoshop britânica. Já Brito, fez a capa da página da rede social do LeroWhite e está os orientando na identidade visual do projeto, no que também concerne ao futuro blog e app.

“Eles são os nossos ‘Storm Thorgerson’, tenham certeza”, brinca Vanessa Daiany, referindo-se ao idealizador dos conceitos de várias capas da banda Pink Floyd.
Para acessar o portal, basta apenas estar conectado ao Facebook e clicar no link a seguir: facebook.com/lerowhite. Voilà!

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