1 de julho de 2014

Violeiros e emboladores deram o tom no São João de Arapiraca

Muito mais que cantar e tocar, o embolar de palavras e o trovejar das cordas na viola são ofícios dos mais difíceis. Fazer improvisos é para quem tem a mente aberta a possibilidades. E o povo nordestino é, em si, criativo.

Mas para isso, há de se conhecer nossa cultura, vivenciá-la. É isto o que faz o violeiro José de Souza, de 66 anos. Natural de Limoeiro de Anadia, mas criado em terras arapiraquenses, o gosto dele pela viola é tão grande que comanda um programa de rádio na Farol FM, na cidade de Taquarana.

Todos os dias, por volta de 5h30, ele dá seu “bom dia”, seguido de muita música genuinamente nordestina com o programa cultural “Violas da Minha Terra”.

Ele estava em diversos arraiais comunitários do São João 2014, acompanhado de seu parceiro músico José Amaro Filho, de 84 anos, sendo 53 deles só de poesia em Arapiraca.

“Meu pai era violeiro e repentista. Eu não poderia deixar de levar à frente a tradição tanto dele quanto do nosso Nordeste. A Prefeitura de Arapiraca está fazendo o verdadeiro resgate do nosso São João”, diz José de Souza.

Também marcaram presença nos arraiais da cidade – que atendeu bairros e comunidades rurais –, bandas de pífano, vaqueiros aboiadores, emboladores, repentistas e poetas populares.

“Sou de Murici, mas me fiz em Arapiraca. Essa terra nos deu oportunidades e, neste São João, não faltou canto para a gente poder mostrar nosso trabalho”, diz o embolador Geraldo Evaristo da Rocha, o “Curió”, de 64 anos. Acompanhando-o, estava o artista José Cícero da Silva, 54, mais conhecido como “Patativa”.

“É por meio do repente, da viola e da embolada que os causos da nossa região seguem à frente, pela austeridade da fala e do diálogo do poeta popular. Não à toa possuímos um festival, já em sua 13ª edição, todos os anos, exaltando essa arte”, comenta a secretária Municipal de Cultura e Turismo (Sectur), Tânia Santos.

Diversos folguedos puderam ser vistos pelas comunidades como, por exemplo, Dança da Fita – número tradicionalmente nordestino, mas herdado da Europa -, xaxado, dança da peneira e coco de roda.

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