20 de agosto de 2013

Zezito Guedes é aclamado como Patrimônio Vivo de Alagoas

Guedes. O sobrenome que José Gomes Pereira, de 76 anos, não carrega é referência para todos os artistas de Arapiraca. “Zezito Guedes”, como é conhecido, se tornou o mais novo mestre do Registro do Patrimônio Vivo de Alagoas, ao lado do escultor Pedrocas.

O Conselho Estadual de Cultura, no último dia 31, solicitou o registro, que foi publicado no Diário Oficial do Estado (DOE), nessa quarta-feira (14). O nome de Zezito Guedes foi escolhido entre outros 31 nomes inscritos no edital 2013, selecionado pela diretoria Pró-Memória da Secretaria de Estado da Cultura (Secult).

A prefeita Célia Rocha (PTB), entendendo a sua importância para a cultura arapiraquense, enfatizou haverá uma exposição com a vida e obra dele, além de cerimônia para entrega de diploma que acontece nesta quinta-feira (22). A Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Sectur) fará a homenagem no museu que leva o nome de Zezito e na arena da Praça Luiz Pereira Lima, antiga “Praça da Prefeitura”, no Centro da cidade. No mesmo dia, outros 10 mestres também serão agraciados.

O folclorista, escultor autodidata, historiador da cultura popular, escritor, poeta e membro-fundador da Academia Arapiraquense de Letras e Artes (Acala) realizou dezenas de mostras de arte nas cidades de Arapiraca, Marechal Deodoro, Maceió, São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Aracaju, Recife, Ouro Preto-MG e até na Itália, quando acompanhou os ilustres Graciliano Ramos e Jorge de Lima.

Uma das mais importantes investidas em Arapiraca foi o 1º Salão de Arte de Arapiraca, realizado no ano de 1967, que colocou de vez o município no mapa cultural do Nordeste, uma mostra coletiva dos artistas plásticos Alexandre Tito, Mauro Jorge, Izabel Torres de Oliveira, Sebastião Ferreira, o “Bibi”, com organização Ismael Pereira, José de Sá e dele.

Ariano Suassuna, autor de obras como “Auto da Compadecida” e “Pedra do Reino”, elogiou o escultor em texto publicado no catálogo da Mostra Individual Zezito Guedes, na Fundação Joaquim Nabuco, em 1975.

“Com Zezito Guedes, surge, mais uma vez, a confirmação daquilo que vivo dizendo a respeito do Nordeste e do nosso grande povo: ambos têm reservas maravilhosas de invenção e criação, e de vez em quando como acontece agora com Zezito Guedes, irrompe de todas as deformações que andam fazendo, para aparecer com uma obra pura e forte, como é sem dúvida, a escultura em madeira desse moço”, diz o escritor.

Foi o imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL) quem colocou sua alcunha de “Guedes”. Segundo Zezito, seu contato com artistas das telas e das letras – como Adão Pinheiro, José Cláudio, Maximiano Campos e o imortal Ariano – o ajudou a assimilar que a obra de arte é uma invenção, uma descoberta diária, um conceito que deve ser passado para os jovens artistas arapiraquenses que hoje constituem um celeiro no Nordeste.

Paraibano radicado em Arapiraca, onde mora desde os 6 anos de idade, lançou livros e ensaios diversos, como “Cantigas das Destaladeiras de Fumo”, “A Feira de Arapiraca”, “Folclore da Seca”, “Tabira e Outras Manifestações Populares” e “Arapiraca Através do Tempo”, alguns deles publicados pela Fundação Joaquim Nabuco, de Pernambuco, e pela Editora da Universidade Federal de Alagoas (Edufal).

Em 2009, a Prefeitura de Arapiraca inaugurou o Museu Zezito Guedes, na Praça Luiz Pereira Lima, onde há amplo acervo do escultor de madeira, gesso, ferro e pedra, com objetos pessoais, fotografias e obras do novo mestre do Patrimônio Vivo de Alagoas, além de material histórico que conta a formação e o desenvolvimento da cidade de Arapiraca.

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