População participa de debates na III Conferência de Cultura
“Arapiraca tem uma carga de contemporaneidade muito própria”. Esta foi uma das afirmações feitas no auditório Dona Bezinha, na Universidade Estadual de Alagoas (Uneal), na noite de abertura da III Conferência Municipal de Cultura, nesta sexta-feira (9).
O elogio à esta virtude arapiraquense partiu do secretário da Fundação Municipal de Ação Cultural (FMAC), Vinícius Palmeira, que também fez boa referência à pasta criada pela prefeita Célia Rocha (PTB) no ano de 2004, em sua gestão anterior.
Logo na entrada, a quadrilha estilizada Canarraiá recepcionava o público, juntamente com o forró pé-de-serra feito por Bastinho da Sanfona e o mestre Afrísio Acácio.
Na ocasião, já dentro do auditório, além de Palmeira, estavam presentes compondo a mesa de abertura o vice-prefeito Yale Fernandes (PMDB); a secretária Municipal de Cultura e Turismo (Sectur), Tânia Santos; o secretário adjunto da Secretaria Estadual de Cultura (Secult), Álvaro Otacílio; o vice-reitor da Uneal, Clébio Araújo; a consultora do Ministério da Cultura (MinC), Vânia Brayner; e o mestre da cultura popular arapiraquense, Zé do Rojão.
Foram tocados os hinos Nacional e de Arapiraca pelos músicos arapirquenses Manoel Tenório e Ditinha da Sanfona.
Em discurso, Tânia Santos destacou que o que mais se nota em nossa Arapiraca “é um difundir, um soletrar de conhecimento passado de uma geração a outra. Aos poucos, mas com a tradição intacta, sendo mantida e resguardada”.
“É com estes olhos que a prefeita Célia Rocha quer que seja vista a Cultura em nosso município. Não como uma pasta que serve para fomentar aquilo ou aquém, mas que esta gestão da Secretaria Municipal se consolide como Política de Estado. O que será deixado por nós – pelo menos, é esta a pretensão de toda a equipe da Sectur – é a marca do compromisso de levar Arapiraca para o seu púlpito de direito e dever. Os nossos artistas devem ter voz e este é o lugar. Estes dois dias de conferência servem, com efeito, para que o debate se enraíze e faça parte de todos os outros até o fim desta jornada de quatro anos”, coloca a secretária.
Tomando a palavra, o secretário da FMAC citou que a capital chegou a imitar Arapiraca em certos aspectos. “Arapiraca tem uma carga de contemporaneidade muito própria. Este ano, por exemplo, imitamos de vocês estes moldes de se fazer São João em todas as comunidades e deu muito certo. Arapiraca nos ensinou a melhorar”, diz Vinícius Palmeira.
O papel da conferência em si, conforme o vice-reitor da Uneal, é de mapear o que está sendo feito no âmbito cultural e ainda deliberar certas questões já tratadas em eventos anteriores. “E todos têm que participar, sempre. Pois todos nós, de fato, somos fazedores de cultura. Ser humano é ter essa condição. Arapiraca está repleta de mestres da cultura popular”, comenta o professor Clébio Araújo.
Para o vice-prefeito Yale Fernandes, o sentimento é que a gestão seja participativa para que o setor cresça ainda mais e seja a referência maior de Alagoas. Dito isto, ele chegou a elogiar o trabalho que vem sendo feito ao longo dos anos e citou o ex-secretário, escritor e cordelista Ronaldo Oliveira como um dos artífices deste movimento de ascensão cultural.
Ainda na sexta (9), durante a abertura da conferência, o mestre Zé do Rojão declamou um poema falando do homem nordestino e foi aplaudido de pé. Em seguida, a consultora do MinC, Vânia Brayner, fez uma explanação sobre o tema “Uma Política de Estado para a Cultura: Desafios do Sistema Nacional de Cultura”.
No dia seguinte, na Escola de Tempo Integral Zélia Barbosa Rocha, no bairro Nova Esperança, houve um encontro de quatro grupos de trabalhos subdivididos dentre os eixos: implementação do Sistema Nacional de Cultura; produção simbólica e diversidade cultural; cidadania e direitos culturais; e Cultura e desenvolvimento.
Dezenas de propostas foram colocadas durante os debates, como universalizar o acesso aos bens culturais aos cidadãos; estimular o intercâmbio cultural; dar suporte à criação, produção, preservação e circulação de bens artísticos e culturais; requerer lançamento de editais acerca do acesso aos espaços de divulgação cultural; programa de formação de agentes culturais para a inclusão de deficientes; projetos elaborados de acordo com os termos de acessibilidade para que pessoas com necessidades especiais se apropriem da Cultura, que é um direito de todo cidadão; e garantia de repasse de recursos da lei do Pró-Cultura – ainda em tramitação – para todos os municípios do Brasil.
As proposições feitas irão ser discutidas agora na Conferência Estadual de Cultura, que acontece em Maceió, nos próximos dias 29 e 30 de agosto.
A secretária de Cultura e Turismo se disse muito feliz com o resultado alcançado pelo esforço coletivo pelo bem comum. “Não há uma trilha pronta para a Cultura; esta deve ser construída por todos nós, pois sozinhos às vezes nós conseguimos alguns feitos mais rapidamente. Mas, juntos, vamos mais longe”, conclui Tânia Santos.