Mestres da Cultura Popular recebem homenagens da Prefeitura
Arapiraca é um celeiro de artistas, sobretudo da Cultura Popular Tradicional. Foi isto o que ficou evidente na cerimônia de homenagem aos mestres e destaques culturais e na abertura da exposição da vida e obra deles no Museu Zezito Guedes, na noite desta quinta-feira (22).
O evento foi idealizado pela prefeita Célia Rocha (PTB) para dar evidência aos que fizeram da cidade uma referência nas artes em todo o Nordeste.
No interior da instituição museológica, localizada na Praça Luiz Pereira Lima, antiga “Praça da Prefeitura”, bairro do Centro, há informações sobre nove mestres, com suas especificidades distintas.
“Incentivadores culturais, artistas autodidatas e disseminadores da arte popular. Estes são os nossos mestres Nelson Rosa, Velho Mestre Davi, dona Eurides Ferreira, João do Pife, Pai Alex, Nego Aboiador, seu Cecílio, Mestre Duda e Zezito Guedes, este último recentemente aclamado pelo Conselho Estadual de Cultura e pela Secretaria de Estado de Cultura (Secult) como Patrimônio Vivo de Alagoas, este paraibano que dedicou sua vida à memória histórica de Arapiraca”, pontua a secretária Municipal de Cultura e Turismo (Sectur), Tânia Santos.
Estiveram na cerimônia de abertura a secretária de Cultura; o diretor de Ação Cultural da pasta, Wagno Godez; o vice-reitor da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal), Clébio Araújo, representando o Conselho Municipal de Cultura; a diretora do Memorial da Mulher Ceci Cunha, Isabela Santos; e Nelson Rosa, representando todos os mestres presentes.
Para Clébio Araújo, esta é uma homenagem simbólica, pois todos os fazedores de cultura presentes no evento deveriam se sentir agraciados. “Eles são mais que guardiões das formas próprias de pensar e agir; eles conseguem transmitir isso com uma clareza e simplicidade que acabam tendo o mesmo mérito que qualquer artista erudito”, destaca o vice-reitor.
Com a palavra, o mestre Nelson Rosa exaltou o projeto semanal da Prefeitura de Arapiraca, com o comando de Afrísio Acácio do Acordeon. “É um projeto sério que leva a arte para o meio do povo, todas as segundas-feiras, nesta mesma praça, com participação de sanfoneiros e emboladores das cidades circunvizinhas e até de Sergipe”, parabeniza. Ao final, ele, aos 79 anos de idade, declamou inteiro o poema “Vida de Caboclo, o segundo que fez em sua vida.
Nego Aboiador e Antônio Sobrinho cantaram uma toada que orienta o povo a não mais se envolver com bebidas alcoólicas e, em seguida, Afrísio declamou a poesia “Minha Linda Arapiraca”.
Foram homenageados como destaques culturais o sanfoneiro Domingos da Fonseca Sobrinho, o seu Domingos; as destaladeiras de fumo Josefa Lima da Silva, a mestra Zefinha, Maria Joana da Silva, a dona Nega, e Angelina da Silva, a dona Angelina; o incentivador cultural Paulo Lourenço da Silva, o Paulo do Bar; o acordeonista Afrísio Acácio; o declamador José Cícero dos Santos, o Zé do Rojão; o músico José Cícero dos Santos, o Bastinho da Sanfona; a dona Espedita Sobreira, a Ditinha da Sanfona; o artista plástico José Carmo de Sá, o José de Sá; a dançarina de Pastoril, Marize Barbosa Ribeiro, a dona Marize; e a escultora e artesã Marta Lúcia de Arruda Pereira, a Marta Arruda.
Foram agraciados, com diplomas de Mérito Cultural, José Magalhães Silva, o mestre Duda, como “Mestre do Reisado”; Eurides Ferreira da Silva, a dona Eurides, como “Mestre de Pastoril; Nelson Vicente Rosa, o Nelson Rosa, como “Mestre do Coco de Roda”; Cecílio Francisco da Silva, o seu Cecílio, como “Mestre na Afinação de Sanfona”; José Gomes Pereira, o Zezito Guedes, como “Mestre Artesão”; João Bibi dos Santos, o João do Pife, como “Mestre de Pífano”; Alex Gomes da Silva, o Pai Alex, como “Mestre da Cultura Afrobrasileira”; Davi Bernardino, o Velho Mestre Davi, como “Mestre de Quadrilha”; e José Cosmo de Araújo, o Nego Aboiador, como “Mestre de Toadas e Aboios”.
Seu Cecílio, que há mais de 50 anos carrega a arte de consertar sanfonas, se disse surpreso com a honraria dada pela Prefeitura de Arapiraca e pela Sectur. “Depois de velho, não esperava tamanho reconhecimento”, diz ele, que foi personagem do documentário arapiraquense “Salão dos Artistas”, no ano passado, o qual tratou de seu ofício.
Já Silorvique Lima, filho do Velho Mestre Davi, falecido no mês de maio deste ano, se emocionou na entrega do diploma e disse que vai continuar o legado de seu pai, resgatando culturalmente os jovens do bairro de Senador Nilo Coelho.
“Parece que a palavra ‘mestre’ tem uma semântica diferente no Nordeste. Não cabe na gramática usual. Aqui, em Arapiraca, temos várias figuras que consideramos hoje peritos graduados e versados na cultura popular. Não apenas mestres, mas doutores do saber. Vamos trabalhar para mais e mais jovens de escolas da rede municipal venham conhecer um pouco essas histórias de vida e vitória. Porque é apenas tendo ciência de algo que valorizamos. E é dando evidência à tradição que o novo vem fortalecido”, diz a secretária Municipal de Cultura e Turismo, Tânia Santos.
A mostra ficará no Museu Zezito Guedes até o dia 21 de setembro e depois segue em um circuito itinerante.