14 de maio de 2017

Dia das mães: conheça a história de duas guerreiras que convivem com o autismo dentro de casa

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Rosemary e Daiana.

Que toda mãe é igual e só muda de endereço a gente já sabe, mas no caso das mamães Daiana e Rosemary nem de endereço elas mudam. O Espaço Trate Autismo, localizado na cidade de Arapiraca, é onde elas se encontram semanalmente quando levam Maria Cecilia e Tales Rafael, respectivamente, para acompanhamento médico.

A arte de ser mãe não se ensina nas escolas, não se herda, nem se aprende nos livros, mas o Espaço Trate auxilia as mães de crianças diagnosticadas com o distúrbio a compreender o universo particular experimentado por seus filhos autistas. Já com as crianças, o Espaço promove, de maneira individualizada, a reintegração e reabilitação delas.

Rosemary Maria da Silva, mãe do Tales Rafael, de 11 anos, é natural de Recife, em Pernambuco, e mora a um ano e seis meses em Arapiraca por conta da existência do Espaço Trate. “Quando meu filho completou quatro anos ele retardou tudo e automaticamente eu também. Por não saber como cuidar, eu não saía de casa com ele. Até conhecer o Trate era como ver o mundo e não conseguir enxergar”, reconheceu.

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Esse é o Tales, filho de Rosemary.

A pernambucana disse que não conhece outro lugar que cuide tão bem das crianças autistas como o Trate. Segundo Rosemary, o Espaço é referência para o Brasil inteiro e ela ainda ousou dizer “que lá fora não existe o trabalho desenvolvido por profissionais especializados que existe dentro de Arapiraca”.

“O Trate é a melhor coisa que existe, eu não posso nem falar que me arrepio”, se emocionou.

Já Daiana Silva Soares, quando questionada sobre o Espaço, não pensou duas vezes e afirmou: “Nossa, mudou a minha vida, muito!”. Daiana é mãe de Maria Cecilia, 5 anos, e ela contou que antes do Trate a filha nem falar, falava.

Daiana é jovem, tem apenas 28 anos, e dedica todo o seu tempo para cuidar da filha, considerando essa a sua profissão. “Não é fácil. Sabemos que dificuldades e desafios existem, mas com o Trate aprendo a lidar melhor com essa situação”, disse. “Hoje, até estudar em escola regular minha filha estuda”, comemorou.

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Maria Cecília, filha de Daiana.

“Eu não sei as outras mães, porque cada caso é um caso, mas Maria Cecilia não é, pra mim, nem inválida nem incapaz”, afirmou. “Considero ela uma pessoa neurotípica, ou seja, não apresenta distúrbios significativos no funcionamento psíquico, isso ajuda no desenvolvimento”.

E essas mães, que nem de endereço mudam, afirmaram que o maior segredo é ficar cega para algumas pessoas e não ter vergonha de expor o autista na sociedade. Elas disseram que o preconceito começa dentro. “Primeiro é o preconceito dos pais, depois família, vizinhos, sociedade e assim por diante”, lamentaram.

Apesar de todo o auxilio do Trate, há uma coisa que lugar nenhum no mundo ensina, que é a aceitação dos filhos pelas suas mães, independente da condição deles.

“Um abraço, com amor e carinho envolvido, pode mudar o mundo”, finalizaram.

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Daiana e Rosemary passeando no Parque Ceci Cunha.

Autor: Laís Pita