15 de março de 2019

Programa de Controle ao Tabagismo ajuda fumantes a superar o vício

(Foto: Samuel Alves)

Grupo do Programa de Controle ao Tabagismo, durante reunião no 5º Centro

“Parar de fumar é uma luta diária. Mas que ganha apoio nas reuniões, onde tenho acesso a orientação de profissionais da saúde e  encontro pessoas com histórias semelhantes a minha, que tentam abandonar o vício em nome da saúde”. A afirmação é de Sebastião Augusto Sobrinho, 75, aposentado, e um dos participantes do grupo do Programa de Controle ao Tabagismo, executado gratuitamente pelo Município, através da Secretaria de Saúde.

A importância do serviço de assistência à população que apresenta quadro de dependência à droga nicotina é expressa através da fala de cada integrante do grupo. São perfis diferentes, mas com histórias que se cruzam na sala onde acontecem os encontros, no 5º Centro de Saúde, no Centro.

Conduzida por Felipe Bispo, enfermeiro e coordenador do programa municipal, as reuniões acolhem os que decidem parar de fumar. Escutando os depoimentos, há três fatores que se destacam nas falas: a dificuldade de parar com o vício,  a percepção dos problemas de saúde causados por ele e a vontade de viver.

No grupo, há homens e mulheres, com idades de 28 a 77 anos. Entre os casos de doenças diagnosticadas entre eles e relacionadas ao uso do cigarro e outros produtos derivados do tabaco: enfisema pulmonar, AVC, bronquite crônica e câncer. De acordo com estudos,  o hábito de fumar é um fator de risco para quase 50 diferentes doenças.

Os dados que apontam os casos de mortes precoces provocadas pelo uso de derivados da nicotina chamam a atenção e acentuam  a gravidade do problema e a necessidade da implantação de políticas públicas, a exemplo do programa da Prefeitura de Arapiraca. Estima-se que no Brasil, cerca de 157 mil pessoas morram precocemente devido às doenças causadas pelo tabagismo, a cada ano.

HISTÓRIAS

Creuza Vieira da Silva, 56 anos, revela que a sua relação com o fumo começou  cedo, aos 9 anos, quando a sua avó pedia para ela acender o seu cachimbo. E continuou até o ano passado, após ser diagnosticada com problema pulmonar.

“O susto me fez despertar para a necessidade de parar de fumar, quando recebi a notícia do problema. A médica me orientou e indicou a participação no grupo. A partir da segunda semana, eu já parei. E tenho conseguido há quatro meses”, declarou.

Orgulhosa, Creuza Vieira fala da sua superação para o grupo. “Além da decisão de parar de fumar, a fé em Deus,  as palestras e o depoimento de cada integrante são fatores motivadores para permanecer no grupo. Vamos nos enxergando nas histórias de dor e também de superação”, ressaltou.

Após sofrer um acidente vascular cerebral (AVC), no dia dos pais do ano passado,  Sebastião Augusto entendeu que precisava parar de fumar, se quisesse viver. A equipe médica que o atendeu relacionou o problema de saúde ao tabagismo.

Antes de resolver parar  e entrar para o programa, o aposentado chegou a fumar até 30 cigarros por dia, o que corresponde a uma carteira e meia. Ele explica que, de agosto de 2018 até este mês, fumou menos de três carteiras. E o desafio é vencer o vício.

Na primeira tentativa, ele conta que ficou  mais de trinta dias sem cigarro. Mas, durante reunião com amigos fumantes, não resistiu.  E voltou a fumar, mas em menor quantidade, entre dois e três cigarros, diariamente. Apesar da recaída, ele voltou decidido às reuniões. E até o dia da entrevista já estava há 16 dias sem o cigarro.

“Eu sou um dos sofredores que viveu o problema. Enquanto estive internado, tinha mais 10 pacientes com problemas relacionados ao vício do cigarro no mesmo hospital. E o médico me alertou que  eu tinha sido sortudo por não ter ficado com sequelas, após o AVC. Mas alertou para os cuidados futuros, a exemplo da medicação e cessação do fumo. Eu decidi viver e estou tentando. Não é fácil, mas com força de vontade e ajuda do programa, acredito que consigo”, completou.

Felipe Bispo explica que a vontade e a determinação são essenciais para quem deseja parar de fumar. Ele reconhece que não é tarefa fácil, mas é possível. “É normal que a pessoa faça mais de uma tentativa, antes de parar definitivamente. A cada vez,  a pessoa vai reconhecendo as suas dificuldades e, ao mesmo tempo, aprendendo a  controlar a sua ansiedade e entendendo que o cigarro não resolve os seus problemas e ainda implica em doenças, até parar de fumar”, declarou.

PROGRAMA

De acordo com Felipe Bispo, o grupo, a partir de uma abordagem cognitiva comportamental e apoio medicamentoso fornecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS),  tem um índice de mais de 70% de cessação do tabagismo.

“O programa é de suma importância para os pacientes, pois com ele conseguimos reduzir a prevalência de fumantes e a consequente morbimortalidade relacionada ao consumo de derivados do tabaco”, completou.

Para participar do programa, que atualmente assiste a cerca de 20 usuários, é necessário realizar o primeiro atendimento no 5° Centro de Saúde. Após a avaliação, a pessoa é inserida no grupo. No primeiro mês, o encontro acontece semanalmente; no segundo e terceiro, quinzenalmente. Já no quarto mês, o chamado grupo de manutenção, a reunião é mensal. 

(Fotos: Samuel Alves)

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