31 de dezembro de 2017

Retrospectiva 2017: Secretaria de Cultura, Lazer e Juventude dribla crise e expõe bons resultados

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Mesmo com dificuldades no primeiro ano, Silvestre Rizzatto cumpre cartilha e pensa no futuro

Do que realmente se tem fome e sede? A Secretaria Municipal de Cultura, Lazer e Juventude (SMCLJ) deu um verdadeiro banquete de projetos e feituras expositivas neste ano de 2017.

Em retrospecto num ano de crise em todos os segmentos, estes três núcleos que formam a pasta se mostraram na contramão, driblando todas as adversidades ora orçamentária, ora de caráter técnico.

Em entrevista, o secretário Silvestre Rizzatto expõe todos os desafios e as metas daqui para a frente, erguendo um novo momento para o setor cultural em Arapiraca.

1 – A atual gestão está prestes a concluir o seu primeiro ano. Faça um comparativo entre a situação encontrada em sua pasta e a situação atual.

A situação encontrada foi a que a nossa pasta, por não ter a formação com funcionários efetivos, bem, nós tivemos que montar uma nova equipe e isso criou muitas dificuldades. No primeiro período até o mês de abril, nós tivemos uma equipe muito reduzida, composta somente pelos superintendentes e o secretário. E isso findou em uma série de entraves na elaboração de processos.

Veja bem: já no primeiro mês que assumimos, tínhamos a Festa da Padroeira, dia 2 de fevereiro, para ser viabilizada com uma equipe que não tinha o conhecimento técnico suficiente para a elaboração de processos, principalmente, processos públicos. A própria gestão estava se adaptando naquele momento. Então, este início foi muito dificultoso para a gente.

Resolvemos algumas pendências da gestão passada, referentes a convênios e contratos, onde até o meio deste ano sanamos totalmente.

Também houve a capacitação dessa equipe e a formação, a escolha dos componentes da secretaria. Ela estaria completa apenas em maio, pronta para trabalharmos.

E nesse exato percurso, já tínhamos que trabalhar um grande evento, que foi o nosso São João Comunitário, que envolveu a elaboração de editais, a contratação de uma série de coisas para viabilizar isso: transporte, equipes, enfim. O nosso “time formado” foi muito batalhador e conseguiu fazer um festejo junino do tamanho que Arapiraca merecia e do tamanho que nós podíamos fazer com a limitação orçamentária que nos foi imposta pela nova administração.

O prefeito colocou algumas restrições orçamentárias, devido aos ajustes econômicos e financeiros da própria Prefeitura – que estava com folhas de pagamento atrasadas deixadas pela gestão anterior –, então, algumas secretarias, como a nossa, tinha que trabalhar dentro de um orçamento apertadíssimo.

Mas conseguimos: o São João Comunitário foi realizado com êxito, de uma forma tranquila e, já em julho, pela primeira vez aqui na Prefeitura, o secretário Municipal da Fazenda [Fernando Lôbo] me pediu para que apresentasse de imediato as notas porque ele queria pagar todos os processos do mês de junho. Resultado: no mês seguinte aos festejos, nós não devíamos nada, mostrando que realmente que a administração do prefeito Rogério Teófilo estava no caminho certo, sempre trabalhando com o que podemos pagar e realizar. Vamos gastar o que a gente tem.

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Secretário em conversa com representantes do blocos do Folia de Rua, na Casa da Cultura

2 – Quais foram os maiores desafios encontrados?

Eu acho que é isso mesmo que falei acima. Os desafios encontrados foram a formação da equipe, uma nova equipe, tudo novo; pessoas alinhadas com o que a gente gostaria de alcançar.

Conseguimos pessoas já ligadas à Cultura, que tinham também esse pensamento – nós colocamos atores, artistas cênicos que fazem parte da nossa equipe e isso faz com que se trate melhor a visão dos nossos aspectos culturais.

Bem, outra limitação nossa foi a financeira, orçamentária, como eu já falei. O maior desafio foi ter essa equipe formada somente a partir do meio do ano e nós tivemos que lidar com eventos e pressões – principalmente no começo –, pressões populares, políticas, relacionadas a pedidos de emprego, pessoas que queriam ser atendidas (e estamos sempre de portas abertas!), outras que queriam receber alguns processos da gestão passada.

E eu acho que agora o desafio nosso é a institucionalização da secretaria. Essa é uma dificuldade que eu estou tendo nesse ano que passou por conta dessa limitação de pessoas. No caso, a institucionalização da secretaria perante ao Ministério da Cultura, o MinC. O que quero dizer isso? Eu tenho que reformular o Plano Municipal de Cultura, que foi elaborado em 2013, e o Ministério já me alertou; fez uma diligência, dizendo que tenho que modificá-lo, fazer uma reformulação – na verdade, acrescentando metas dentro do Plano que está escrito.

Eu tenho que implementar, segundo o MinC, o Fundo Municipal de Cultura, com CNPJ, e tudo mais e isso está criando uma certa resistência dentro da contabilidade, porque é um novo aspecto, é uma nova entidade, uma nova instituição que está sendo criada dentro da contabilidade da Prefeitura.

Na mesma via, a gente tem que criar o Conselho Municipal de Políticas Públicas e isso é um desafio muito grande porque nós temos que regimentar as classes culturais de Arapiraca para que esses segmentos possam ter uma representatividade legal dentro do conselho e ele possa realmente influir nas decisões de elaboração das políticas públicas, nas ações que a gente tem que fazer a partir de agora. O desafio maior vai ser fazer com que os representantes em cada segmento sejam realmente os representantes desses segmentos, que representem de forma efetiva as pessoas que estão ligadas àquele segmento, como os músicos, os profissionais de teatro, os produtores culturais etc. O que nós determinamos que o conselho deva paritariamente conter e representar, nós temos que buscar na sociedade essas pessoas de uma forma efetiva e legal.

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Rizzatto ao lado do prefeito Rogério Teófilo e da então presidente do CDL, Tânia Núbia, no lançamento do São João 2017

3 – Cite as principais ações realizadas e projetos implementados ao longo deste ano. E, aproveitando a deixa, o planejamento para 2018.

Olha, nós “cumprimos a cartilha”, vamos dizer assim. Fizemos o beabá, o básico; tudo aquilo que tínhamos para poder fazer com a nossa limitação orçamentária e nossa limitação de equipe. Fomos elogiados em certos pontos.

Como disse, realizamos o primeiro grande evento do ano: a Festa da Padroeira. Junto com ela, a cavalgada da padroeira Nossa Senhora do Bom Conselho. Em seguida, as prévias carnavalescas, o nosso Folia de Rua. Nesse instante, comecei a me reunir com os componentes dos blocos. O que me surpreendeu é que disseram que aquela abordagem era inédita. Segundo eles, nunca haviam sido chamados para discutir o Carnaval e incentivei dizendo: “Para o ano que vem, vocês deveriam se legalizar. Se coloquem como uma associação com CNPJ, como uma liga, para que haja uma conotação jurídica, associativista, para que a gente possa canalizar recursos de alguma forma para vocês”. E eles já estão se organizando com relação a isso.

Tivemos muitos apoios na feitura do Folia de Rua, inclusive de empresas privadas aqui da terra, como o Grupo Coringa, Sig Outdoor e Arapiraca Garden Shopping, além da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL), sempre conosco. Tivemos também o Carnaval do Servidor, ocorrido no Centro de Apoio às Escolas de Tempo Integral-I.

Tivemos ainda o São João Comunitário, como já mencionei acima, com concursos de gastronomia e da Rainha do Milho. Tivemos também o Cultura na Praça, projeto encabeçado pelo mestre Afrísio Acácio do Acordeon, que deu o pontapé inicial ao nosso São João. Ele, inclusive, foi o grande homenageado este ano.

Tivemos também o Rock Pró Cultura, um evento o qual damos apoio por trabalhar com uma tribo diferente – no São João também aconteceu por lá um palco alternativo. É um festival já consolidado que traz excelentes bandas para cá e movimenta o cenário local.

Demos apoio também na apresentação da Orquestra Filarmônica de Alagoas, aqui em Arapiraca, no início da temporada deles e agora de novo no Natal em Família.

Tivemos o Dia do Servidor, que manifestou um tributo ao comunicador e empresário Jarbas Lúcio, que recentemente nos deixou. Ele, que incentivava a música e foi um dos fundadores da Rádio Novo Nordeste, fez a sua história também com a participação da Jovem Guarda. O Jarbas se reunía com amigos que cantavam, os apresentava e cantava também. E isso nos remeteu a uma homenagem: reunimos os amigos dele da época e trouxemos o grande show do Renato e Seus Blue Caps.

E mais recentemente, o Natal em Família, elaborado diante da vontade do nosso prefeito em querer que as famílias arapiraquenses se tornassem novamente o núcleo da festa, mostrando que o povo aqui é ordeiro, é da paz. Arapiraca tem esse espírito. E isso se refletiu, aliás, em uma iluminação muito elegante.

Na programação, tivemos atrações folclóricas, a pedido do próprio Rogério Teófilo, como o pastoril, o guerreiro e o reisado, tradições ligadas ao Natal.

Houve ainda atrações musicais como coros e corais infantis natalinos encantando a todos em nossas praças, no Centro Administrativo e no shopping.

E para coroar isso tudo, tivemos o grande show do cantor sertanejo Daniel, com o patrocínio do Ministério do Turismo. Ele é um artista que representa a família; um cantor com músicas românticas e um histórico de vida condizente com a aura da época. Abrindo a apresentação dele, a Dona Flô – que tem uma das vozes mais lindas do Brasil – e a Millane Hora, que é ex-The Voice e ex-Timbalada.

E agora, dia 31, o Réveillon no Bosque das Arapiracas com show do Nelsinho Silveira, engrandecendo e fechando com chave de ouro e uma grande queima de fogos com 12 minutos de duração.

Tudo isso fez com que tivéssemos um cronograma dentro do nosso calendário anual de eventos. O contingenciamento orçamentário, como relatei, nos limitou, mas neste 2018 será diferente.

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O secretário interagindo no 1º Arraiá do Centro de Formação de Profissionais da Educação e de Atendimento às pessoas com Surdez (CAS)

Já como eventos relativamente menos, tivemos várias ações, como as em parceria com a Secretaria de Estado da Cultura, a Secult. Trouxemos a Oficina Instrumental de Bandas, com o maestro Paranhos. Cerca de 100 músicos do Agreste participaram desse curso, que teve dois dias de formação.

Ainda nesta parceria, veio para cá o grande ator, diretor e teatrólogo Chico de Assis para dar um curso na Casa da Cultura. Um momento muito bacana e de aprendizado ímpar!

Falando na Casa, tivemos algumas exposições aqui como a Semana da Mulher, Literatura e Cultura; a Semana da Consciência Indígena; o projeto Viagem ao Mundo da Leitura; Primavera Literária; a Mostra da Galeria Política Arapiraquense; a mostra Afro Ancestralidade no Cotidiano Arapiraquense, com caminhada contra a intolerância religiosa, apresentação de afoxés e homenagens a mães-de-santo; e a Mostra Folclórica, em parceria de uma escola aqui de nossa cidade, com performance e culminância na Praça Luiz Pereira Lima.

Houve lançamentos de livros no auditório da Casa da Cultura, como o “Opará Revisitado”, de Severo D’Acelino; “Radiações de Fundo Cósmico”, de Cosme Rogério Ferreira; e “Mandato Digno”, de Ronaldo Lessa, todos eles com debates e atividades culturais atreladas.

Demos apoio também com a cessão do nosso auditório, que comporta mais de 100 lugares, para os mais diversos grupos usarem, a exemplo do Cineclube Trianon. Isso é muito interessante, porque movimenta esse espaço que está aberto justamente para esses fins.

Ah, e outro ponto importante foi a vinda da superintendência de Juventude e Lazer para a nossa secretaria. A Juventude era um departamento que pertencia à Assistência Social e o Lazer, à Secretaria de Esporte. Mais uma vez, como não tínhamos ação orçamentária, fizemos o que podíamos e muito bem: lançamento e divulgação do ID Jovem, um programa federal que dá garantia ao público jovem de todo país, com serviços nas praças, escolas e Centro de Referência em Assistência Social, os Cras, além de fiscalização no Terminal Rodoviário de Arapiraca, juntamente com o Procon Arapiraca, para se realmente está sendo cumprida a lei de gratuidade que o jovem tem direito.

Nós temos, nessa perspectiva, a construção do PPA, o Plano Plurianual. A superintendência de Juventude e Lazer já detalhou o que quer para os próximos 4 anos. Eles elaboraram também o Fórum da Juventude Comunitária. Foi feito um primeiro esboço do que vai ser feito e a ideia é criar fóruns nas comunidades, tendo como ponto de partida a comunidade Brisa do Lago e a comunidade Pau d’Arco, para discussões e necessidades.

Também está prevista a criação de um comitê com representantes das secretarias de Saúde, Educação, Assistência Social e Desenvolvimento Urbano para a articulação e a apresentação das ações feitas na Prefeitura para os jovens. Eles, os nossos jovens, têm que participar e saber o que existe dentro da nossa estrutura para poder, enfim, usufruir. Por exemplo: ações realizadas na prevenção à gravidez na adolescência, em se tratando da Secretaria de Saúde. Assim os jovens se tornam agentes de multiplicação para as coisas que a Administração Pública Municipal anda fazendo.

Outros tópicos relevantes são o acompanhando das obras da Praça da Juventude, que será no bairro Primavera, e a participação em reuniões com diversos segmentos como a Juventude Negra do Pau d’Arco; a Juventude Feminina; jovens skatistas; jovens universitários; e a Juventude Rural de Massaranduba.

Há ainda o início do processo de retomada do Conselho Municipal da Juventude e o levantamento das praças de Arapiraca para a realização de projetos de revitalização voltados à Juventude – para saber o que os jovens estão querendo, como a reforma da Praça do Skate, construção de palcos etc. Isso é para instigar a participação deles para o que lhes interessa, um exercício de cidadania, já que eles são fatores importantes de modificação da comunidade.

Também queremos fazer uma articulação com um comitê gestor para ações em conjunto a fim de minimizar os riscos dos jovens em situação de vulnerabilidade. Nisso, vamos procurar associações, grupos, ONGs, parcerias de um modo geral, para que se enxergue a realidade desses adolescentes e jovens nessas camadas sociais.

E o Domingo no Bosque. Estamos participando com a superintendência de Juventude e Lazer desse projeto da Secretaria de Educação e Esporte que se concretizará em 2018. Outros dois itens relevantes são a Caravana da Juventude e o Encontro da Juventude do Agreste. Vai acontecer muito coisa ano que vem, portanto.

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Rizzatto debatendo políticas públicas culturais em sessão da Assembleia Legislativa de Alagoas

E da superintendência de Cultura, a gente viabilizará para esse próximo ano a implementação do Sistema Municipal de Informações e Indicadores Culturais, que é um alinhamento ao Sistema Nacional de Informações e Indicadores Culturais, com a convocação de um fórum.

A gente quer logo em janeiro convocar a classe artística, os produtores culturais para a formação do Conselho Municipal de Políticas Culturais. Também vamos viabilizar o lançamento de editais de Ocupação Artística dos Espaços Públicos. Nós temos alguns espaços públicos que nós enxergamos como apropriados para receberem sistematicamente atrações culturais, artísticas e, através de editais, poder apoiar e fomentar esse tipo de ação, seja no Bosque das Arapiracas, nas tendas culturais que nós temos, no Mercado do Artesanato, como na Praça Luiz Pereira Lima, e estender essas ações também para as comunidades rurais, onde nós temos pessoas que não têm como se deslocar direito até a cidade, mas que sentem falta de informações culturais ou até de manifestações culturais.

Nós temos a Vila bananeira, a Vila São José, o Pau d’Arco, a Canafístula que é um celeiro cultural, e a gente quer apoiar de uma forma que seja viável dentro no nosso orçamento e parâmetro financeiro determinado pelo prefeito, para que se possa difundir todas as manifestações artísticas na nossa cidade.

Há também a criação do Instituto Histórico de Arapiraca, que já é um planejamento do próprio prefeito como meta de campanha, e ele, a partir de 2018, vai fazer alguns estudos preparatórios de consultoria para a criação deste instituto que talvez consiga ser viabilizado, efetivamente, a partir de 2019.

Temos também a reforma e adaptação da Casa da Cultura. Nós estamos pensando em reformular aquele espaço do café, lá em cima, no primeiro andar. Existe um projeto de criação de um novo café e a reforma do auditório, daquela parte das exposições, enfim, vamos dar uma reformulada para que possamos receber, acomodar melhor as exposições que sejam formatadas durante o ano todo.

E o Memorial da Mulher! Ele também precisa ser viabilizado através de uma licitação da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Obras, que esperamos que em janeiro esteja pronta. Nosso desejo é uma reforma um pouco mais aprofundada naquele local belíssimo, um marco da nossa Arapiraca.

No mais, é isso: nós vamos continuar com incentivos e apoios das atividades do calendário anual. Uma das intenções da gente é a criação de cursos para formar artistas e produtores culturais, tanto em informação como formação; podemos realizar isso com parcerias com o Ministério da Cultura e outras entidades. Como secretaria, a gente vai fomentar, apoiar e fazer com que isso aconteça.