10 de outubro de 2017

Arapiraca: árvore frondosa de raízes fixas na evolução do comércio

Praça Manoel André - Centro de Arapiraca (Foto: Reprodução)Praça Manoel André – Centro de Arapiraca (Foto: Reprodução)
Esperidião Rodrigues, primeiro prefeito de Arapiraca (Foto: Reprodução)

Esperidião Rodrigues, primeiro prefeito de Arapiraca (Foto: Reprodução)

O comércio de Arapiraca nasceu das mãos de empreendedores. Esperidião Rodrigues tornou-se o primeiro comerciante do povoado de Arapiraca, em 1880, em sua rotina, no início de sua vida comercial, levava cargas de algodão para serem vendidas em Penedo, retornando com tecidos e outras mercadorias para sua loja. A localização privilegiada do município favoreceu o surgimento da Feira Livre, um dos maiores patrimônios de Arapiraca.

Apesar de boa parte ter sido extinta nos anos 1990 e início dos anos 2000, as bodegas eram responsáveis pela propagação das notícias da época, além, é claro, do caráter comercial que os estabelecimentos naturalmente possuíam.

De acordo com um dos comerciantes mais antigos de Arapiraca, Manoel José da Silva, o seu Neném, quando começou a trabalhar na área, em 1953, a feira se resumia a antiga Rua do Comércio, hoje praça Manoel André. Naquela época, seu negócio era uma bodega. No local ele comercializava cereais e produtos diversos, mas em pouco tempo mudou de ramo, aumentando sua receita. Pouco tempo depois, Manoel José da Silva passou a comprar produtos de caixeiros viajantes para poder vender tecidos e as novidades da época.

Seu Neném trabalha no comércio de Arapiraca desde 1953 (Foto: Genival Silva)

Seu Neném trabalha no comércio de Arapiraca desde 1953 (Foto: Genival Silva)

 

Ele lembra que muitas das casas e estabelecimentos comerciais eram de taipa, pau a pique, e acompanhando o crescimento da feira que se espalhava por outras ruas, as antigas casas eram substituídas por prédios de alvenaria. As negociações eram feitas na caderneta e com prazos longos. “Na minha época vendíamos na caderneta. Cheguei a vender produtos com prazo de um ano”, disse o comerciante.

As bodegas ficaram no passado e, com o tempo, novos métodos de comercialização exigiam produtos diversos e com entregas rápidas. Até o fim da década de 1990, os comerciantes atacadistas se reuniam na rua do Sol, outros poucos fixados em pontos estratégicos da cidade para felicitar o transporte dos produtos comercializados com seus clientes de outras cidades.

Porto Seco

Em 1998, uma distribuidora de Anápolis, estado de Goiás, se instala em Arapiraca. Classificada entre as dez maiores atacadista do país, o setor recebeu incentivos fiscais que o colocava em vantagem sobre todos os outros. Além de possuir práticas de treinamento e aperfeiçoamento para os funcionários e colaboradores, surgia com uma estrutura nunca vista no setor.

No início da década de 2000, somando o espírito empreendedor e incentivos fiscais concedidos pelo governo da época, como o decreto n° 38.631, Arapiraca inicia sua trajetória como o porto seco de Alagoas. A cidade sempre foi acolhedora e atrativa aos que buscavam empreender. Hoje a cidade possui o maior Produto Interno Bruto (PIB) do setor atacadista de Alagoas. Além disso, o segmento é o que mais arrecada no Estado e está entre os principais empregadores.

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Mostrando que é um entreposto e que muitos caminhos passam por ela, Arapiraca se fortalece cada ver mais pelos que nela nasceram, os que para ela vieram e para muitos que almejam se fixar em uma das cidades que mais cresce no interior do Brasil. As mais recentes formas de comercialização que chegaram no município são os grandes supermercados atacado-varejista e o Garden Shopping Arapiraca, mostrando que a cidade possui grande visibilidade comercial.

Arapiraca que em seu início dependia dos lombos de burros, das bodegas e das bancas na feira livre, recebe os símbolos da comercialização mundial e mostra que sempre estará preparada para a evolução da economia. Traços marcantes de um povo empreendedor e acolhedor, que recebe de braços abertos os que buscam prosperar.

Texto: Genival Silva